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Eleições nos EUA

Debate dos vices nos EUA foge à regra da irrelevância

Preparem-se para o duelo da blindada "mãe do hockey" e do verborrágico Biden: expectativa de maior audiência em relação ao primeiro debate | Brian Snyder / Jason Reed / Reuters
Preparem-se para o duelo da blindada "mãe do hockey" e do verborrágico Biden: expectativa de maior audiência em relação ao primeiro debate (Foto: Brian Snyder / Jason Reed / Reuters)

Os debates dos candidatos a vice-presidente raramente influem na corrida para a Casa Branca, mas o confronto de quinta-feira (2) entre a republicana Sarah Palin e o democrata Joe Biden pode escapar à habitual irrelevância.

É possível que o duelo entre o verborrágico Biden e a blindada Palin atraia mais telespectadores do que o debate da semana passada entre os cabeças de chapa Barack Obama e John McCain.

Os holofotes estarão principalmente sobre Palin, que até um mês atrás era apenas a praticamente desconhecida governadora do Alasca, mãe de cinco filhos. A indicação a transformou em estrela política, impulsionou momentaneamente a candidatura de McCain, mas já despertou dúvidas sobre a preparação dela para eventualmente assumir a Presidência.

O Partido Republicano então blindou Palin da imprensa, e desde a indicação ela concedeu entrevistas apenas a três canais de TV, e nenhuma coletiva. É uma estratégia que só alimentou a desconfiança, a tornou alvo de piadas nos programas de TV e agora dá mais importância à sua primeira aparição não-coreografada.

"Vice-presidentes normalmente não importam, mas há um limite que eles devem cruzar para provar que podem se apresentar e ser presidentes", disse o especialista em comunicação Mitchell McKinney, da Universidade de Missouri. "A barra está baixa, mas se ela não cruzar esse limite ela pode prejudicar McCain", disse ele.

Já Biden é quase a antítese da sua rival. Aos 65 anos, eloquente, mas propenso a gafes, ele preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado e é um dos mais respeitados especialistas democratas em assuntos diplomáticos.

Ele tentará tranqüilizar os eleitores que ainda desconfiam da inexperiência de Obama em questões diplomáticas.

Expectativas

Palin, 44 anos, que se descreve como uma "mãe do hóquei" (por levar os filhos para praticar o esporte), pareceu hesitante e muito ensaiada nas suas entrevistas. Para ela, o importante será convencer os eleitores de que estará à altura do desafio caso algo impossibilite McCain, que tem 72 anos.

"Será bastante fácil para ela superar as expectativas - elas não poderiam estar mais baixas", disse David Steinberg, especialista de debates na Universidade de Miami, Flórida, que recentemente viu gravações de debates dela na disputa para o governo do Alasca em 2006.

"Ela estava muito articulada, certamente competente e assertiva. Estava bastante bem", disse ele.

A campanha de McCain se apressa em chamar qualquer um que critique Palin de machista e arrogante. Biden terá de ter cuidado para não parecer agressivo demais.

"O medo para os democratas é que Joe Biden escorregue e diga algo que não deva, ou que seja arrogante com ela. É exatamente isso que eles estão trabalhando nos ensaios para evitar", disse Steinberg.

Debates dos candidatos a vice raramente alteram as campanhas, mas às vezes geram episódios memoráveis. Como em 1988, quando o democrata Lloyd Bentsen soltou sua clássica frase para o republicano Dan Quayle: "Você não é nenhum Jack Kennedy".

Em 1992, o destaque foi a perplexa participação do almirante James Stockdale, vice do candidato independente Ross Perot. "Quem sou eu? Por que estou aqui?", divagou ele diante da platéia.

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