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Debate entre vices nos EUA tem discussão sobre Israel e Irã, aborto e imigração
O candidato republicano à vice-presidência, J.D. Vance (à esquerda), e o governador de Minnesota e candidato democrata à vice-presidência, Tim Walz (à direita), durante o debate para vice-presidência na CBS Broadcast Center, em Nova York, nos EUA, nesta terça-feira (1º)| Foto: EFE/EPA/SARAH YENESEL

O debate entre os candidatos à vice-presidência dos Estados Unidos, realizado na noite de terça-feira (1º) pela emissora americana CBS News, foi marcado pela discussão de temas bastante presentes na vida do cidadão americano, como a crise no Oriente Médio, a imigração na fronteira sul do país e o aborto.

Embora tenha contado com uma discussão acalorada, o debate ocorreu sem muitos ataques diretos entre os dois vices. Tim Walz, governador democrata de Minnesota e vice na chapa democrata de Kamala Harris, e J.D. Vance, senador republicano pelo estado de Ohio e vice na chapa de Donald Trump, utilizaram o espaço fornecido pela CBS para defender suas posições e, sobretudo, criticar seus adversários políticos.

O Oriente Médio foi um dos primeiros tópicos abordados, especialmente após o ataque com mísseis do Irã contra Israel ocorrido nesta terça-feira. Walz criticou duramente o ex-presidente e atual candidato à Casa Branca, Trump, por ter retirado os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, um pacto que, segundo o vice de Harris, limitava o enriquecimento de urânio e controlava o avanço nuclear iraniano.

De acordo com Walz, a decisão de Trump feita em 2018 foi desastrosa. “O Irã está mais próximo de uma arma nuclear por causa da liderança volúvel de Donald Trump”, disse o democrata, pontuando que o desmantelamento do acordo contribuiu para a instabilidade atual na região.

Vance, no entanto, defendeu Trump, afirmando que o ex-presidente trouxe mais segurança ao mundo durante seu mandato. Para o senador de Ohio, Trump teria evitado a escalada de conflitos no Oriente Médio. “Por muito que o governador Walz acuse Donald Trump de ser um agente do caos, Trump, na realidade, trouxe estabilidade ao mundo”, rebateu Vance. Questionado sobre um possível apoio a um ataque preventivo de Israel contra o Irã, Vance foi evasivo, afirmando que essa decisão deveria ser tomada por Israel, enquanto Walz desviou o foco, mantendo suas críticas somente à política externa de Trump.

Outro ponto de divergência foi a imigração. Vance aproveitou o momento para criticar a vice-presidente Harris, referindo-se a ela como a "czar fronteiriça" do governo do presidente Joe Biden e responsabilizando sua gestão pela atual crise migratória dos EUA. Segundo Vance, o fracasso de Harris em lidar com a situação na fronteira dos EUA com o México é evidente. Walz, por sua vez, culpou Trump por, segundo ele, boicotar um projeto de lei bipartidário do Senado que poderia ter “melhorado a situação”.

Apesar das críticas, ambos mantiveram um tom mais moderado em relação a seus próprios adversários diretos, preferindo atacar as lideranças maiores de seus partidos.

Quando o assunto foi a economia, Vance foi enfático ao defender o plano de Trump, garantindo que ele seria capaz de resolver os atuais problemas enfrentados pelos EUA, como, segundo ele, a inflação, logo em seu primeiro dia no cargo, caso seja eleito. Walz, por sua vez, rebateu defendendo as propostas da democrata Harris, argumentando que a liderança da atual vice-presidente é mais alinhada aos interesses dos cidadãos comuns.

O debate também focou no aborto. Desde que a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou a jurisprudência nacional do caso Roe Vs Wade, e devolveu a discussão do tema para os estados em 2022, o tema tem dividido de certa forma o país e tem sido um ponto de destaque nesta atual corrida presidencial. Vance acusou os democratas de adotarem uma postura “muito radical a favor do aborto”, classificando algumas das leis defendidas pelo partido como “bárbaras” e apoiou a visão de Trump, que defendeu a volta da discussão para os estados.

“A maneira correta de lidar com isso, por mais bagunçada que a democracia às vezes seja, é deixar que os eleitores tomem essas decisões”, disse Vance. “Deixar que os estados decidam sua política de aborto. E acho que isso faz mais sentido em um país muito grande, muito diverso, e, sejamos honestos, às vezes, muito, muito confuso e dividido", acrescentou.

Walz, por sua vez, se posicionou como um defensor dos “direitos das mulheres”, afirmando ser “pró-mulheres” no debate sobre o tema e se colocando contra as políticas mais restritivas defendidas pelos republicanos mais conservadores.

Segundo um levantamento feito pela emissora americana CNN logo após o fim do debate, o republicano Vance foi considerado o vencedor da discussão ocorrida nesta terça, obtendo 54% dos votos do público, contra 49% de Walz. Ambos os vices seguem em campanha pelos EUA nos próximos dias, onde devem passar por estados importantes para a disputa presidencial, como Michigan e Pensilvânia.

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