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Análise

Debate Trump vs. Biden: não foi um divisor de águas, mas foi melhor para todos

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Presidente dos EUA, Donald Trump, e o candidato democrata Joe Biden participam do debate final na Belmont University, em 22 de outubro de 2020, em Nashville, Tennessee (Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP)

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O debate desta quinta-feira (22) entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o ex-vice-presidente Joe Biden foi provavelmente o que todos esperavam que tivesse sido o primeiro debate, em vez do bate-boca e das constantes interrupções que tivemos que aguentar algumas semanas atrás. Comparado ao primeiro evento, o de ontem foi como um debate entre Lincoln e Douglas (em 1858). Ok, talvez tenha sido mais como um debate entre Statler e Waldorf (personagens idosos dos Muppet, conhecidos por suas opiniões impertinentes). Mas o confronto de ontem foi muito melhor para todos: melhor para Trump, melhor para Biden e melhor para o país.

A incapacidade de interromper Biden realmente fez bem ao presidente. A restrição deu a Biden o tempo e espaço para cometer algumas de suas próprias gafes, e Trump teve que realmente desacelerar e argumentar durante sua vez de falar, em vez de apenas intimidar, reclamar e atormentar Biden.

Trump fez seu ataque mais eficaz quando perguntou a Biden por que ele nunca promulgou todos os seus planos grandiosos durante seus 47 anos no Senado e na vice-presidência. “Você fica falando sobre todas essas coisas que faria [se eleito], mas você estava lá há poucos anos. Sabe, Joe, eu concorri [à presidência] por sua causa”. Quando Biden disse que queria ir mais longe com a reforma da justiça criminal, Trump continuou martelando: "Por que você não fez isso nos oito anos em que esteve lá?"

Este debate, com um claro contraste nas políticas e quase nenhum bate-boca incompreensível, fará mais bem para Trump – o que torna seu jeito agressivo no primeiro debate um erro flagrante, junto com sua recusa em participar de um debate virtual. É improvável que ocorra um terceiro debate, e isso é lamentável para a campanha de Trump.

Em um ponto no início da noite, a moderadora Kristen Welker perguntou a Biden, "você quer responder a isso?". E Biden respondeu: "não". Se o candidato democrata fosse um time de futebol americano, ele seria um que está à frente do adversário no placar e o quarterback apenas se ajoelha nas jogadas, gastando o pouco tempo restante até o fim da partida. Biden está convencido de que efetivamente venceu a corrida presidencial e simplesmente quer esgotar o tempo e evitar cometer erros. (Se Trump surpreender a todos e vencer, desafiando as pesquisas, a estratégia de Biden nesta reta final será vista como um erro de cálculo épico).

Biden não cometeu erros fatais – embora alguns de seus comentários, como "Eu faria a transição da indústria do petróleo, sim", logo vão aparecer nos anúncios de Trump na Pensilvânia – e ele mais uma vez não pareceu senil ou mentalmente incapaz de lidar com a presidência, embora tenha começado a parecer tenso no fim do debate. Mas Biden teve sua cota de momentos estranhos. Ele chamou o grupo Proud Boys de "Poor Boys". A certa altura, enquanto zombava das cúpulas de Trump com Kim Jong-un, Biden disse "tínhamos um bom relacionamento com Hitler antes de ele invadir o resto da Europa". Tínhamos?

Meu contador de "conta outra" quebrou após os primeiros mil.

Kristen Welker revelou que o segredo para ser um bom moderador é não ser notado – coloque os tópicos e as perguntas para debate rapidamente e deixe os candidatos definirem o curso da conversa.

Se você assistiu a todos os debates das primárias democratas, assistiu a 30 horas e 45 minutos de debates dos candidatos democratas; agora assistimos outras três horas de debates de Trump e Biden e uma hora e meia dos candidatos à vice-presidência, Kamala Harris e Mike Pence. Somando tudo isso, são 35 horas e 15 minutos, ou quase um dia e meio de nossas vidas que nunca teremos de volta.

Em geral, esses não foram bons debates. Os candidatos ofereceram, em sua maioria, respostas vagas e irrealistas para problemas complicados, pontos de discussão genéricos e frases feitas. A seleção de tópicos era previsível e, em retrospecto, não foi tão útil ou relevante para mostrar como os candidatos realmente enfrentariam decisões difíceis. O coronavírus não foi mencionado em um debate das primárias democratas até 25 de fevereiro – e o assunto foi tratado apenas brevemente nesta data; a pandemia não foi um tópico específico até o debate final entre Biden e o senador Bernie Sanders em 15 de março. Não estamos bem servidos pela forma atual de debates televisionados entre candidatos presidenciais. As emissoras, os partidos, as campanhas e a Comissão de Debates Presidenciais deveriam pensar muito sobre como torná-los melhores e mais informativos antes do início do ciclo de 2024.

*Jim Geraghty é o correspondente político sênior da National Review.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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