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Entrevista

“Decisão de iniciar crise foi política”

Roma – Para Valerio Onida, ex-presidente do Supremo Tribunal Constitucional da Itália, se houver condições para a aliança de esquerda obter maioria no Parlamento, o presidente Giorgio Napolitano deve encarregar Romano Prodi de formar um novo governo.

A crise era inevitável?

Valerio Onida – Na verdade, a decisão de iniciar a crise foi política, porque do ponto de vista constitucional Prodi não era obrigado a se demitir. Não houve um voto de desconfiança do Parlamento, que é o único ato que obriga um chefe de Gabinete a renunciar.

Como se explica, então, a decisão de Prodi de se demitir?

Só Prodi pode explicá-la. Mas podemos supor que o raciocínio que levou à crise de governo foi político. Se Prodi não tivesse apresentado a demissão, o problema dos chamados franco-atiradores, dos deputados que votam segundo sua consciência e sem respeitar ordens e decisões dos próprios partidos, iria se reapresentar.

Quais podem ser os desenlaces dessa crise?

O mais provável é o chamado "Prodi-bis", quer dizer, o presidente Napolitano encarrega Prodi de formar um novo governo, se houver condições para obter uma maioria parlamentar. Nesse caso, Prodi pode se apresentar com a mesma maioria, com a mesma coligação de nove partidos que o apoiou até hoje, nesses dez meses de governo. E que foi a base de sua vitória eleitoral. Ou então, pode tentar ampliar a coligação, acrescentando novos partidos, ou parlamentares saídos dos partidos de centro-direita, para conquistar uma base parlamentar mais sólida.

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