Mauricio Cárdenas, especialista em relações internacionais.
Para Mauricio Cárdenas, especialista em relações internacionais do Brookings Institution, de Washington, a aprovação de nova rodada de sanções contra o Irã deixou Brasil e Turquia isolados.
Como o senhor vê as sanções ao Irã que foram aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU?
Essa decisão deixa um pouco isolada a posição de Brasil e Turquia porque mostra que houve uma divisão em dois blocos. O Brasil e a Turquia aparecem como correndo à margem. Sobretudo, levando-se em conta que no grupo a favor das sanções estão China e Rússia. Acredito que há duas mensagens importantes nisso. A primeira, indiscutivelmente, é a de que há uma preocupação muito grande com o Irã. Há mais perigos em relação ao Irã do que o Brasil e a Turquia estão dispostos a reconhecer. E a rapidez com que foi dada a resposta é uma mensagem ao Brasil e à Turquia de crítica ao fato de que a comunidade internacional não atuou de maneira coordenada no interior do órgão mais legítimo de todos, que é o Conselho de Segurança da ONU.
O Brasil ainda tem condições de pleitear uma liderança nas questões internacionais?
O Brasil tem um novo papel hoje, e certamente será ouvido em muitos temas. Provavelmente, o tema do Irã não foi uma boa escolha. Acredito q ue em sua corrida por obter uma vaga permanente no Conselho de Segurança, a questão iraniana não vai ajudar. Mas isso tampouco é uma causa perdida. Em sua estratégia, o Brasil terá de balancear, mostrando que pode exercer sua liderança para atingir alguns acordos pendentes em nível internacional, como a mudança do clima ou a Rodada de Doha. Assim poderá acumular mais argumentos para pleitear um posto de membro permanente no Conselho de Segurança.
Como o senhor vê as relações Brasil-EUA agora?
A relação não está em seu melhor momento, mas os dois necessitam um do outro, é uma questão pragmática. Brasil e EUA são aliados naturais. Passadas as eleições no Brasil, provavelmente a agenda entre os dois países terá uma reaproximação. Tudo agora está afetado pelo clima eleitoral.
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