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fogo cruzado

Decisiva, ofensiva no Iraque pode provocar fuga de pelo menos 100 mil civis

 | Safin Hamed/AFP
(Foto: Safin Hamed/AFP)

As forças iraquianas, com apoio aéreo e terrestre da coalizão liderada pelos Estados Unidos, iniciaram nesta segunda-feira (17) a ofensiva para reconquistar a cidade de Mossul, a segunda mais importante do Iraque e um grande e importante reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no país. Considerada decisiva na luta contra os extremistas, a batalha, por outro lado, preocupa a Organização das Nações Unidas (ONU), que ressalta a possibilidade de que ao menos cem mil iraquianos se desloquem para Síria e Turquia para fugir do ataque militar.

Apoiada pela coalizão internacional, esta poderá ser uma das maiores operações militares no Iraque desde a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003, que derrubou Saddam Hussein. Nesta terça-feira (18), o governo iraquiano e as forças curdas anunciaram avanços nas primeiras 24 horas da batalha. Um total de 20 povoados já foi recuperado das mãos de extremistas no Leste, Sul e Sudeste da cidade, informaram comunicados do Exército iraquiano e das forças curdas Peshmerga.

Ao mesmo tempo, a ofensiva coloca em risco a segurança de 1,5 milhão de civis que vivem em Mossul, cidade isolada do mundo. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) advertiu nesta terça-feira que dezenas de milhares de civis podem ser usados como escudos humanos por combatentes do EI na defesa da cidade.

“Algumas famílias enfrentam um risco extremo de ficar no meio do fogo cruzado ou de se tornarem alvos de franco-atiradores”, advertiu o vice-secretário-geral para Assuntos Humanitários e Assistência de Emergência da ONU, Stephen O’Brien.

O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) emitiu um apelo por mais US$ 61 milhões para tendas, acampamentos, itens de inverno e fornalhas para deslocados dentro do Iraque e novos refugiados que precisam de abrigo nos dois países vizinhos.

“O Acnur está preocupado que os eventos em Mossul possam fazer com que até cem mil iraquianos se desloquem para Síria e Turquia”, informou a agência. “Estão sendo feitos preparativos na Síria para receber até 90 mil refugiados iraquianos”.

Longa batalha

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, anunciou o início da operação em um discurso exibido na televisão.

“O tempo da vitória chegou e as operações para libertar Mossul começaram”, declarou o chefe de governo nesta segunda-feira. “Hoje declaro o início das operações vitoriosas para libertá-los da violência e do terrorismo do Daesh”, acrônimo árabe de Estado Islâmico (EI), completou Abadi, em uma frase dirigida aos moradores da região de Mossul.

Após o anúncio, uma coluna de veículos blindados iniciou o avanço para Mossul, a partir de uma posição a 45 km da grande cidade do norte do Iraque. A cidade, que fica às margens do rio Tigre e que tem população majoritariamente sunita, caiu em poder do Estado Islâmico em 9 junho de 2014.

Em 29 de junho de 2014, o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou na grande mesquita de Mossul o Califado Islâmico nos territórios conquistados pelos extremistas no Iraque e na Síria durante campanhas relâmpago em 2014 e 2015.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, afirmou que as operações para recuperar Mossul são fundamentais para derrotar o Estado Islâmico. O Pentágono considerou um sucesso o primeiro dia das operações.

O primeiro-ministro Al-Abadi não revelou detalhes sobre as operações militares, mas de acordo com analistas a primeira etapa consistirá, antes dos combates nas ruas, em cercar completamente a cidade.

Os jihadistas em Mossul, entre 3,5 mil e 4 mil, estão fortemente armados e tiveram tempo suficiente para preparar a defesa da cidade. Por isso, a ofensiva pode demorar semanas, ou até mais, de acordo com o comandante da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, o tenente-general americano Stephen Townsend.

“A batalha se anuncia longa e difícil, mas os iraquianos se prepararam e nós estaremos a seu lado”, completou.

Al-Abadi explicou no discurso que apenas o exército e a polícia iraquianos entrarão em Mossul, apesar de numerosas forças de segurança participarem na ofensiva, incluindo peshmergas curdos e milícias sunitas e xiitas.

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