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América Latina

Decisões de Cristina isolam Argentina e ameaçam empregos

Em abril, Cristina Kirchner lotou o estádio do Vélez Sársfield, em Buenos Aires, para comemorar o nono aniversário da eleição que levou seu marido, Néstor Kirchner (1950-2010), ao poder em 2003 | AFP
Em abril, Cristina Kirchner lotou o estádio do Vélez Sársfield, em Buenos Aires, para comemorar o nono aniversário da eleição que levou seu marido, Néstor Kirchner (1950-2010), ao poder em 2003 (Foto: AFP)

Começam a pesar sobre a Ar­­gentina as­­­­ con­­se­­­­­­quên­­cias das medidas­­ prote­­cio­­­­nis­­tas impostas pela pre­­si­­­­den­­te Cristina Kirchner, de­­­­ acor­­do com analistas ouvi­­dos­­­­ pela Gazeta do Povo. E os­­­­ pio­­res efeitos parecem es­­­­­­tar­­ ligados ao controle de­­­­ im­­­­por­­ta­­ções.

"Como 57% das empresas­­ pequenas e médias estão com dificuldades para produzir por causa da falta de produtos [importados], os empregos começarão a ser afetados", diz Rosendo Fraga, diretor do Centro de Estudios Unión para la Nueva Mayoría, em entrevista por e-mail.

Nas últimas semanas, fábricas como a Toyota, em Zá­­rate, e a Fiat, em Córdoba, tiveram de fechar e mandar funcionários para casa porque não tinham peças para alimentar a linha de montagem.

Segundo Fraga, nas relações exteriores, essa situação está causando o isolamento da Argentina, com três dezenas de nações – incluindo a norte-americana e as europeias – denunciando o país latino-americano por violar acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Mauricio Claveri, coordenador de Comércio Exterior da Abeceb, empresa de consultoria e análises econômicas em Buenos Aires, afirma que o governo argentino está conseguindo sustentar e inclusive aumentar o superávit comercial.

"Mas é certo que essas medidas têm custos", diz.

O verdadeiro problema da Argentina é fiscal, explica o jornalista Márcio Resende, correspondente do jornal argentino Clarín. Diz ele: "O governo é incompetente para reduzir os gastos públicos". Críticos dizem que as medidas protecionistas podem ser uma forma de disfarçar esse monstrengo.

"Pode-se dizer que, politi­­camente, o governo já está­­ mais­­ww para ‘Cristinismo’ do­­ que ‘Kirchnerismo’", diz Fra­­ga, numa referência ao pro­­jeto político de Cristina.

As decisões dela – as brigas contra os jornais pelo controle do papel e contra os ingleses pelas Ilhas Malvinas, a estatização da petrolífera YPF-Repsol, o controle do dólar e as limitações aos produtos importados – são, na opinião de Fraga, ações que se enquadram na proposta de aumentar a presença do Estado na economia e de reforçar o nacionalismo na política.

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