Em meio à reação mundial contra o decreto anti-imigração que assinou na sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiu neste domingo (29) que a ordem executiva que proíbe temporariamente a entrada em solo americano a cidadãos de sete países de maioria muçulmana não é um veto a muçulmanos.
“Os Estados Unidos da América são um país orgulhoso de imigrantes e continuaremos a demonstrar compaixão com aqueles que fogem da opressão, mas faremos isto enquanto protegemos nossos próprios cidadãos e fronteiras. Os Estados Unidos da América sempre foram a terra dos livres e o lar dos bravos”, declarou Trump, citando um trecho no hino nacional americano, em um incomum comunicado oficial por escrito.
“Para ser claro, isto não é uma proibição aos muçulmanos, como a mídia está reportando de forma falsa. Não se trata de religião, se trata do terror e de manter nosso país a salvo”, afirmou, acrescentando que mais de 40 países muçulmanos não foram afetados pela ordem executiva.
As declarações contradizem os atos tomados pelo governo norte-americano desde sexta-feira à noite, quando Trump editou o decreto que suspende a entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana nos Estados Unidos. Entre as medidas estão a suspensão do programa de refugiados por pelo menos 120 dias. A entrada de refugiados sírios está proibida por tempo indeterminado.
No sábado à noite (28), após uma audiência em caráter de urgência, a juíza federal de Nova York Ann Donnelly impediu que o governo expulse os passageiros que estão ou chegarão ao país e que tenham vistos válidos.
Um alto funcionário da Casa Branca, em meio a confusões e raiva sobre a polêmica medida, disse à emissora NBC, no domingo, que a proibição temporária “não inclui portadores de Green Card”.
Entretanto, a ação judicial que suspendeu parte do decreto foi proposta após detenção de dois iraquianos com documentos válidos. Um deles trabalhou para o governo americano no Iraque durante 10 anos e o outro viajou aos Estados Unidos para encontrar a esposa, que trabalha para uma empresa americana.
Consequências
Em meio a protestos contra o decreto de Trump, inclusive de vários líderes europeus, e aplausos dos eleitores do presidente norte-americano, começaram a surgir questionamentos sobre o alcance da medida. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) disse que o decreto impede a entrada de pilotos e comissários de voo nos EUA.
Empresas de tecnologia, como Google e Facebook, que contratam centenas de estrangeiros, criticaram o decreto, que atinge funcionários que trabalham nos EUA. O CEO do Google, Sundar Pichai, se solidarizou, via postagem no Twitter, com uma funcionária da empresa que está perto de dar a luz e que não poderá contar mais com a presença dos pais, que vivem no Irã.
O fundador do Facebook, Marck Zuckerberg, escreveu uma longa postagem na rede social para criticar o decreto. Ele ressaltou que é descendente de alemães, poloneses e austríacos, e que a mulher descente de chineses e vietnamitas. “Precisamos manter o país seguro, mas deveríamos fazer isso focando em pessoas que realmente representem uma ameaça”, afirmou.
O chefe executivo da Netflix, Reed Hastings, escreveu em uma postagem no Facebook que as ações de Trump estão “atingindo empregados da Netflix ao redor do mundo”. Ele disse ainda que as medidas tornarão a “América menos segura (pelo ódio e perda de aliados) em vez de mais segura”.
For generations, this country has been home to immigrants like Sanaz. Her story is playing out all over the country. Google is with you. https://t.co/mllnZ5gNDB
— sundarpichai (@sundarpichai) 29 de janeiro de 2017