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A ativista Rocío San Miguel Sosa, crítica do regime chavista, é acusada de terrorismo e conspiração para assassinar o ditador Nicolás Maduro
A ativista Rocío San Miguel Sosa, crítica do regime chavista, é acusada de terrorismo e conspiração para assassinar o ditador Nicolás Maduro| Foto: EFE/Jeffrey Arguedas

A equipe jurídica da ativista venezuelana Rocío San Miguel, detida desde a última sexta-feira (9) por estar supostamente vinculada a um plano de conspiração para assassinar o ditador Nicolás Maduro, denunciou nesta quarta-feira (14) uma batida policial na casa da cliente, que também é advogada.

"Tememos que possam estar plantando provas", disse a defesa da presidente da ONG Controle Cidadão, que informou que a busca foi realizada a partir das 18h55 locais (19h55 em Brasília).

De acordo com a equipe, Miranda Díaz San Miguel, filha da ativista, que também foi detida, estava no local, mas foi liberada mais tarde com uma "proibição de deixar o país" e "de falar com a imprensa", juntamente com outros três parentes da defensora dos direitos humanos, entre eles dois irmãos.

Na terça-feira (13), os tribunais ordenaram a privação de liberdade contra a ativista, bem como contra Alejandro José González Canales, ex-sócio de San Miguel, de acordo com um dos advogados.

A presidente da Controle Cidadão foi detida no aeroporto internacional de Maiquetía, próximo a Caracas, de onde partiria para Miami, mas sua prisão foi confirmada no domingo (11) pelo procurador Tarek William Saab, de modo que sua defesa insiste que se trata de um "desaparecimento forçado".

No entanto, o procurador, que é aliado do ditador Maduro, negou nesta quarta-feira (14) que tenha havido um "desaparecimento forçado" e garantiu que a prisão foi feita porque a ativista "aparece textualmente mencionada" em uma ordem de operações de um plano conspiratório que pretendia ser um atentado contra o líder do regime chavista e outros funcionários de alto escalão.

Cerca de 30 membros de organizações de direitos humanos na Venezuela repudiaram a prisão da ativista, o que descreveram como um "ataque feroz" ao espaço cívico e aos defensores dos direitos humanos.

Prisão mais severa do país

Um dos juristas que defendem Rocío, José González Taguaruco, afirmou nesta quarta-feira (14) que a presidente da ONG Controle Cidadão está detida na sede do Serviço Nacional Bolivariano de Inteligência (SEBIN) em El Helicoide, Caracas, considerada a prisão mais severa do país.

Presos que conseguiram sair do centro prisional relatam que o lugar possui todo um aparato de tortura montado pelas forças do Estado.

A prisão é dos pontos de investigações do Tribunal Penal Internacional (TPI) por possíveis crimes contra a Humanidade cometidos na Venezuela pela ditadura liderada por Maduro.

Nas últimas horas, a Missão Internacional Independente da ONU para a Venezuela, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Anistia Internacional, bem como centenas de ONGs locais, expressaram sua preocupação com a detenção de San Miguel e solicitaram à ditadura venezuelana o respeito a seus direitos.

Os Estados Unidos também se pronunciaram sobre o mais recente episódio de perseguição política contra opositores da administração de Caracas, afirmando estão "profundamente preocupados" com a prisão da ativista venezuelana e pedindo ao regime de Maduro que cumpra os acordos feitos com o país para melhorar a democracia no país.

O porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby, disse à agência EFE que a Casa Branca está monitorando de perto o caso da ativista, que foi detida pelas forças de segurança venezuelanas quando tentava embarcar em um voo de Caracas para Miami com sua filha.

"Estamos profundamente preocupados com isso. O Sr. Maduro precisa honrar os compromissos que assumiu de como tratará a sociedade civil, os ativistas, os partidos de oposição e até mesmo os membros da sociedade venezuelana que desejam concorrer a um cargo. Ele precisa honrar esses compromissos", disse o porta-voz.

Após a manifestação da Casa Branca, o Ministério Público da Venezuela acusou países de realizarem uma "feroz campanha internacional" contra o Judiciário. "Denunciamos uma campanha feroz vinda do exterior contra o sistema judiciário e o Estado venezuelano pelos mesmos setores que sempre desprezaram as instituições democráticas (…) e apoiaram, ao mesmo tempo, tentativas de assassinato e golpes contra a Venezuela", disse o procurador-geral, Tarek William Saab, em comunicado publicado em sua conta na rede social X.

Ainda, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, afirmou que Washington "protege e abriga autores de atos de terrorismo e intervencionismo", crimes pelos quais a ativista é acusada.

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