Bombaim Há exatos 60 anos nascia a maior democracia do planeta. Na manhã do dia 15 de agosto de 1947, a Índia se livrou de dois séculos de dominação britânica. "Uma nova estrela ascende, a estrela da liberdade no Oriente", disse Jawahalral Nehru, o primeiro-ministro, que junto com Mahatma Gandhi liderou a marcha para a liberdade.
Os indianos nunca sentiram-se tão autoconfiantes como hoje: afinal, seu país cresce 8% ao ano há quase duas décadas e nos últimos dois anos registrou crescimento de mais de 9%. Diferente da China, a Índia é uma democracia com plena liberdade de imprensa. Quando os britânicos deixaram a região, muitos previram o caos para este país superpopuloso (na época tinha 300 milhões), com tantas religiões, milhares de línguas e dialetos e divisões de castas.
Winston Churchill era um dos profetas do apocalipse: "A Índia vai cair rapidamente em um estado de barbarismo". Sua profecia não se realizou. Nehru governou 17 anos com o sonho de construir um país democrático, com justiça social e soberano. Seu sonho ainda está longe de ser concretizado. Tristes indicadores sociais fazem da Índia uma estranha mistura de promissora potência do século XXI com um país empobrecido do continente africano. Com o maior índice mundial de subnutrição infantil, a Índia amarga baixa expectativa de vida (63 anos). Do 1,1 bilhão de habitantes, 300 milhões são da classe média, que usufruem os benefícios do crescimento. Os restantes 750 milhões penam para sobreviver com vários graus de dificuldade. Do total da população, 75% vivem com até US$ 2 por dia. Desses, 30% vivem com apenas US$ 1 por dia.
Jaideep Bose, editor-chefe do jornal diário de maior circulação, o "The Times of India", escreveu um editorial ontem sobre os desafios do sexagenário país: "A corrupção corrói o sistema, a classe política. A diarréia mata 450 mil crianças por ano, mais do que em qualquer outro país. E mesmo assim a economia cresce".
Não bastassem os desafios sociais, o país comemora hoje os 60 anos de independência sob ameaças terroristas. O governo mobilizou aviões militares, soldados e dezenas de milhares de policias, depois das recentes ameaças de atentado feitas em nome da Al-Qaeda.
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