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América Latina

Democracia é valorizada, apesar das decepções

Londres (EFE) — A maioria dos latino-americanos, inclusive dos brasileiros, está decepcionada com o desempenho da democracia, mas nem por isso parece disposta a apoiar um golpe, indica pesquisa da organização chilena Latinoabarômetro publicada pela revista britânica The Economist. Em 2001, ano anterior à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apenas 30% dos entrevistados no Brasil disseram que "a democracia é preferível a qualquer outro tipo de governo". Essa porcentagem subiu para 41% em 2004 e caiu para 37% este ano. Desde 1996, quando a taxa era de 50% no país, a queda acumulada é de 13 pontos porcentuais. A decepção com o funcionamento do sistema democrático, entretanto, não se traduz em uma preferência por soluções autoritárias.

Em 1996, 24% dos consultados brasileiros disseram que, "em certas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a um democrático". Essa percentagem era de 18% em 2001 e 2004 e baixou para 15% este ano. Portanto, nos últimos nove anos, a queda acumulada foi de nove pontos porcentuais. A tendência observada no Brasil segue, em linhas gerais, a registrada na região como um todo, embora existam exceções tanto em um maior apoio à democracia como em um respaldo a uma possível saída autoritária. Outro ponto de destaque na pesquisa é que tem aumentado o otimismo dos latino-americanos sobre a economia da região.

Os latino-americanos mais decepcionados com a democracia em 2005 são os paraguaios, os guatemaltecos e os hondurenhos. Ao todo, apenas 32% dos consultados no Paraguai e na Guatemala responderam que a democracia é preferível a qualquer outro sistema de governo, enquanto em Honduras a taxa foi de 33%. O Brasil, com seus 37%, aparece em quarto lugar nesse aspecto na lista de 18 países.

Na Argentina, 65% da população considera a democracia a melhor forma de governo. A porcentagem revela queda de seis pontos em relação a 1996, mas alta de 1 ponto na comparação com o ano passado e de 7 pontos em relação a 2001, quando se aprofundou no país uma grave crise econômica, social e política.

Os uruguaios, que também enfrentaram turbulências econômicas recentemente, arrastados pela crise argentina, são os latino-americanos que mais apóiam a democracia. Ao todo, 77% dos entrevistados no país a preferem a qualquer outra forma de governo. Mesmo assim, a porcentagem caiu três pontos desde 1996. A maior alta no apoio à democracia ocorreu na Venezuela, que atualmente ocupa o segundo lugar no ranking dos latino-americanos que mais respaldam esse sistema de governo.

Na pesquisa deste ano, 76% dos entrevistados na Venezuela, onde um golpe de Estado tirou o presidente Hugo Chávez do poder por dois dias em 2002, disseram preferir a democracia em qualquer circunstância. Desde 1996 a alta foi de 14 pontos percentuais.

Os latino-americanos consideram que seus principais problemas são o desemprego, a pobreza e os baixos salários, a criminalidade e a violência, assim como a corrupção política. A pesquisa indica ainda que os Estados Unidos são mal vistos na América Latina, especialmente na Argentina, o país mais antiamericano da região, no Uruguai e na Venezuela. A sub-região mais propensa ao Tio Sam é a América Central.

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