Em uma virada "azul" num Estado tradicionalmente "vermelho", o democrata Doug Jones venceu, na madrugada desta quarta (13), a eleição para senador pelo Alabama contra o republicano Roy Moore —acusado de assédio sexual e apoiado pelo presidente Donald Trump.
Com 99% das urnas apuradas, o democrata liderava a corrida com 49,9% dos votos, contra 48,4% de Moore.
O republicano, no entanto, não havia admitido a derrota até esta madrugada, e defendeu a recontagem dos votos.
A vitória de Jones seria pouco provável não fossem as acusações contra Moore, que foi acusado de abusar sexualmente de uma adolescente quando trabalhava como assistente de promotor, na década de 1970.
Em meio a outras dezenas de denúncias e ao movimento #MeToo ("Eu também"), em que mulheres passaram a expor casos de violência sexual nos Estados Unidos, a eleição no Alabama virou assunto nacional. Políticos democratas e até mesmo republicanos pressionaram para que Moore desistisse da campanha.
Mas o republicano não desistiu. Negou as acusações e, na madrugada desta quarta (13), quando as urnas apontavam vantagem para seu adversário, não admitiu a derrota.
"Quando a votação está assim tão próxima, ela recomeça", afirmou. "Deus está sempre no controle. Vamos esperar no Senhor e deixar o processo correr."
Conservador
De perfil conservador, Moore foi juiz e pretendia levar ao Senado seu ativismo religioso. Durante a campanha, ele se posicionou contra o aborto e os direitos LGBT.
Jones, por outro lado, era procurador de Justiça, defende o aborto e está no espectro mais à esquerda do partido democrata. Ele começou a campanha quase 20 pontos atrás do adversário, mas conquistou votos do eleitorado negro e do republicano moderado.
No Alabama, a recontagem de votos só é obrigatória caso a diferença entre os candidatos seja menor do que 0,5 ponto percentual. Mas Moore pode solicitar a recontagem mesmo assim, e pagar por ela - o que deve atrasar a declaração do resultado oficial.
Caso a vitória de Jones se confirme, com ou sem recontagem, os democratas ganham um assento a mais no Senado, onde Trump ainda tem maioria.
Atualmente, os republicanos têm 52 cadeiras, contra 46 dos democratas e 2 dos independentes. Com a vitória de Jones, a maioria de Trump fica por uma cabeça: 51 a 49. A preocupação é que isso comprometa a aprovação de programas prioritários para a Casa Branca, como a reforma tributária, que passou recentemente com a diferença de apenas um voto.
Poucos minutos antes de Moore afirmar que o jogo "ainda não acabou", o presidente Donald Trump reconheceu a vitória do democrata - a quem chamou, durante a campanha, de "fraco", "fantoche" e "democrata liberal".
"Vitória é vitória", afirmou o presidente, em sua conta no Twitter. "O povo do Alabama é ótimo, e os republicanos terão outra chance nessa cadeira em um curto período de tempo. Nunca acaba!"
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