Eleições de meio de mandato deram vitória para os democratas na Câmara dos Representantes e para os republicanos no Senado| Foto: MARIO TAMA/AFP

Seguindo a tendência histórica de eleições de meio de mandato presidencial, conhecidas como midterms, o partido da oposição recuperou a maioria das cadeiras da Câmara dos Representantes na madrugada desta quarta (7) nos Estados Unidos. 

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Até às 6h30 no horário de Brasília, os democratas haviam ganhado 26 lugares na casa, segundo a Fox News, garantindo os 218 assentos necessários para a maioria. Os republicanos, até esse horário, somavam 193. Todos os 435 assentos da Câmara estavam em jogo, portanto ainda há 24 lugares em disputa.

No Senado, os republicanos já ultrapassaram as 50 vagas necessárias para definir a maioria. Até o início da manhã, eles contavam com pelo menos 51 das 100 cadeiras da casa, garantindo a maioria (35 postos estavam em jogo nesta eleição). Os democratas precisavam obter duas novas cadeiras para conseguir maioria, mas não tiveram sucesso.

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As eleições de meio de mandato mais caras e importantes dos últimos tempos tiveram um final dramático que escancarou a profunda polarização do país, mas o resultado do pleito ficou aquém da esperança democrata de demonstrar uma onda de repúdio ao presidente Trump. 

A guerra de Trump contra imigrantes ilegais e os ataques aos democratas parecem ter mobilizado republicanos suficientes para conter a “onda azul” que o partido temia - em referência à cor símbolo dos democratas. O presidente ajudou os republicanos a ganhar corridas apertadas ao Senado como em Indiana, Missouri, Dakota do Norte, Tennessee e Texas. Segundo ele, o resultado da eleição foi um "sucesso tremendo". Os republicanos mantiveram o controle em todo o sul e em áreas rurais. 

Mas os Democratas, movidos por uma rejeição ao Trumpismo, conquistaram vitórias em locais que, há apenas dois anos, ajudaram Trump a chegar na Casa Branca. Eles tiveram bons resultados no norte do centro-oeste e até mesmo no Kansas, estado historicamente republicano, onde Laura Kelly foi eleita governadora após a disputa com o candidato apoiado pelo presidente, Kris Kobach. Na Virgínia Ocidental - onde Trump é muito popular e fez diversas campanhas para os republicanos - a reeleição do senador democrata Joe Manchin foi como um golpe pessoal ao presidente. 

"Graças a você, amanhã será um novo dia na América", disse a líder democrata da Câmara Nancy Pelosi, da Califórnia, que está pronta para recuperar a posição de porta-voz da casa que perdeu há oito anos.  A vitória democrata, segundo ela, "significa a restauração de freios e contrapesos da Constituição para a administração Trump”.

Mais de 50 deputados não tentaram a reeleição nem disputam um cargo mais alto na casa, o maior número desde 1992. Entre os republicanos, há 37 que se aposentam, ápice desde 1930 —um dos principais nomes do partido a deixar a casa será o presidente da Câmara, Paul Ryan, 48.

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Mulheres impulsionaram vitória democrata

A retomada da Câmara pelo partido Democrata foi impulsionada por um número recorde de mulheres candidatas. Elas atualmente ocupam 84 cadeiras na Casa, mas essa representatividade está projetada para subir para 100 ou mais, quando todos os votos estiveram contabilizados. Em todo o país, 277 mulheres estavam estavam disputando vagas no Congresso e nos governos estaduais, um número sem precedentes. Só para a Câmara dos Representantes havia 210 candidatas. 

Foram destaques as vitórias de Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York), que com 29 anos torna-se a mulher mais jovem a ir para o Congresso, de Ayanna Pressley, primeira negra a representar o estado de Massachusetts na Câmara, e de Ilhan Omar (Minnesota) e Rashida Tlaib (Michigan), primeiras mulheres muçulmana eleitas para a Câmara. 

"Essa resistência começou com as mulheres e está sendo liderada pelas mulheres hoje à noite", disse a senadora Elizabeth Warren, democrata de Massachusetts, que conseguiu a reeleição e deve concorrer à presidência em 2020. 

Na disputa dos governos estaduais, a democrata Janet Mills se tornará a primeira governadora do Maine.

Espera-se que os democratas bloqueiem parte de medidas controversas de Trump e realizem mais investigações contra o governo do republicano, aumentando a polarização entre Executivo e Legislativo. O partido também poder dar início a um processo de impeachment contra o presidente. 

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Vitórias importantes dos republicanos 

Os republicanos venceram em algumas das disputas mais acirradas, como na Flórida, no Texas e em Missouri, nas quais triunfaram Rick Scott, Ted Cruz e Josh Hawley, respectivamente. 

"Todo o dinheiro do mundo não foi páreo para o bom povo do Texas e para os homens e mulheres trabalhadores em todo o nosso estado", disse Cruz em seu discurso de vitória. 

Um Senado alinhado com a Casa Branca pode, por exemplo, alçar um terceiro juiz indicado por Trump à Suprema Corte caso haja alguma aposentadoria, depois de terem aprovado os conservadores Neil Gorsuch, em abril de 2017, e Brett Kavanaugh, em outubro deste ano. 

Tradicionalmente, as midterms são referendos sobre o partido que está no poder, mas Trump buscou assegurar que este fosse um referendo sobre a sua presidência. Ele chamou multidões para votar, dizendo que sua agenda e movimento político estavam em risco, e com isso ele se tornou a força central da campanha republicana. 

Os resultados do Senado destacaram o quanto o Partido Republicano se transformou no partido de Trump. A nova classe de republicanos é formada em grande parte por aliados de Trump – incluindo Mike Braun em Indiana, Josh Hawley no Missouri e Kevin Cramer na Dakota do Norte – que fizeram campanha como candidatos usando a agenda do presidente e devem suas vitórias, pelo menos em parte, à enérgica campanha do presidente. 

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Uma exceção é Mitt Romney, que venceu com folga a disputa no Senado pelo estado de Utah, marcando um retorno ao cenário nacional para o candidato presidencial do partido em 2012, que em 2016 chamou Trump de "vigarista" e "fraude". Após a morte do senador John McCain, do Arizona, e das aposentadorias dos senadores Jeff Flake, do Arizona, e Bob Corker, do Tennessee, Romney está prestes a se tornar o principal contrapeso do Partido Republicano ao presidente Trump no Capitólio.