Depois da vitória eleitoral de terça-feira, os líderes democratas americanos começaram a exibir sua nova força política, pedindo na quarta ao presidente George W. Bush que convoque uma cúpula bipartidária sobre o Iraque e que discuta também propostas a respeito de educação e saúde.
Os líderes democratas da Câmara e do Senado, Nancy Pelosi e Harry Reid, disseram que o povo americano manifestou nas urnas seu desejo de mudança.
- Espero que [Bush] ouça - disse Pelosi em entrevista coletiva após receber telefonema de cumprimentos de Bush -- que também ligou para Reid.
- Eu disse a ele [Bush] o que disse ontem à noite: que espero trabalhar de forma bipartidária com ele, que o sucesso do presidente é sempre bom para o país, e que torcia para que possamos trabalhar juntos pelo povo americano - afirmou Pelosi, que deve se tornar a primeira mulher a presidir a Câmara dos EUA.
Reid disse que "é hora de deixar o partidarismo de lado e encontrar uma nova forma de avançar -- domesticamente e no Iraque":
- Hoje, peço ao presidente que convoque uma cúpula bipartidária sobre o Iraque com líderes do Congresso.
Após uma campanha dominada pelo tema do Iraque, os democratas fizeram a maior bancada da Câmara e podem conquistar também o controle do Senado, dependendo do resultado da apuração na Virgínia.
Pelosi deve substituir o republicano Dennis Hastert na presidência da Câmara. Hastert já anunciou que não quer ser líder da nova minoria, e vários de seus colegas já se lançaram na disputa por cargos de liderança parlamentar -- o que ocorreu também entre os democratas.
Uma das disputas é pelo posto de líder da maioria na Câmara, o segundo cargo mais importante. Os deputados Steny Hoyer e John Murtha já se colocaram no páreo. Hoyer tem a vantagem de atualmente ser dirigente do partido, mas Murtha, ex-fuzileiro naval, cresceu em popularidade no ano passado ao propor uma rápida retirada das tropas americanas do Iraque.
Muitos dos democratas recém-eleitos para a Câmara e o Senado são conservadores, e por isso Reid e Pelosi terão de fazer algumas concessões às suas próprias bancadas.
- Conforta-me que a maioria dos candidatos vencedores tenha concorrido com uma plataforma de conservadorismo de bom senso, sejam eles republicanos ou democratas. Isso é um bom presságio para o futuro da nossa nação - disse Hastert.
Vários democratas recém-eleitos são contra o aborto e o controle de armas. Mas devem apoiar seus líderes em questões como aumento do salário mínimo federal, ampliação dos gastos públicos com saúde e redução dos preços das mensalidades universitárias.
Os democratas, que há tempos pediam a cabeça do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, comemoraram o anúncio de sua saída , na quarta-feira.
- Espero que a saída do senhor Rumsfeld marque um recomeço na direção de uma nova política no Iraque - disse Pelosi.
A deputada reiterou que não vai tentar tirar Bush do cargo, dizendo que "o impeachment está fora da mesa''.
Mas ela e outros democratas prometem convocar audiências relativas a questões como a de se o governo manipulou ou não informações para justificar a invasão do Iraque, em 2003.