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Ciência

Dente de múmia identifica rainha egípcia de 3.500 anos

Cena da peça "A Descoberta das Américas" | Divulgação/Diego Pisanti
Cena da peça "A Descoberta das Américas" (Foto: Divulgação/Diego Pisanti)

Um único dente permitiu a identificação da múmia da rainha Hatshepsut, que governou o Egito 3.500 anos atrás, disse na quarta-feira o arqueólogo-chefe do país. O canal Discovery apresentará em 15 de julho, com exclusividade, um documentário sobre os estudos que levaram à descoberta.

A múmia era a de uma mulher obesa, quinquagenária, que tinha dentes apodrecidos e morreu de câncer ósseo, disse Zahi Hawass em entrevista coletiva para anunciar a descoberta.

Em 1903, uma outra múmia foi encontrada no vale dos Reis, onde o jovem faraó Tutancamon foi enterrado. O próprio Hawass achava, até recentemente, que essa era a múmia da rainha, mas na verdade era da dona da tumba, Sitre In, que havia sido ama-de-leite de Hatshepsut.

A prova em contrário veio na forma de um dente molar dentro de um caixa de madeira inscrita com o nome da rainha, encontrada em 1881 num grupo de múmias reais recolhidas e escondidas por segurança no templo de Deir al-Bahari, a cerca de um quilômetro dali.

Durante o embalsamamento, era comum a separação de alguma parte do corpo e sua preservação nessas caixas.

O professor de Ortodontia Yehya Zakariya examinou todas as múmias que poderiam ser de Hatshepsut e concluiu que o dente se encaixava perfeitamente na mandíbula superior da senhora obesa.

"Um dente é como uma impressão digital" explicou Hawass. "É cem por cento definitivo. Tem 1,8 centímetro (de largura), e o dentista tomou essa medida e estudou aquela parte. Ele descobriu que (o dente) se encaixava exatamente cem por cento nessa parte", afirmou o arqueólogo à Reuters.

Especialistas também estão fazendo exames de DNA, e os resultados preliminares mostram semelhanças do material genético dessa múmia com o de Ahmose Nefertari, esposa do fundador da 18ª dinastia e possível antepassada de Hatshepsut.

A análise de DNA ficou complicada porque Hawass recentemente concluiu que a múmia que se pensava ser de Tutmosis I, pai de Hatshepsut, na verdade não era - pertence a um homem muito mais jovem, que morreu flechado.

Ele disse que não aguardou a conclusão dos exames de DNA para fazer o anúncio porque "não é preciso nada além (do dente), e temos uma resposta definitiva agora sobre a semelhança entre Hatshepsut e a avó, Ahmose Nefertari."

Um egiptólogo que pediu anonimato disse que nem todos os arqueólogos estão tão seguros quanto à identificação. "É uma peça interessante de dedução científica que pode apontar para a verdade", afirmou.

Kathryn Bard, egiptóloga da Universidade de Boston, disse ao jornal "New York Times" que "é preciso ser cuidadoso ao obter conclusões de tais dados."

A confusão sobre a identidade das múmias reais normalmente se deve a fatos políticos após suas mortes.

A tumba de Hatshepsut, por exemplo, foi achada saqueada e sem qualquer mulher mumificada, possivelmente porque seu filho e sucessor, Tutmosis III, tentou eliminar todos os vestígios da sua memória após a morte da mãe, em 1.482 a.C..

Sacerdotes provavelmente transferiram a coleção de 40 múmias reais, inclusive a caixa com o dente, para Deir al-Bahari séculos depois da morte dos faraós, a fim de protegê-los de saques e profanações em uma época de insegurança.

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