Desde que teve sua identidade revelada, nesta terça-feira (28), como o responsável pela morte do popular leão Cecil, o dentista norte-americano Walter James Palmer parece ter assumido o posto de atual homem mais odiado da internet -- pelo menos na semana.
Petição online
A Casa Branca informou nesta quinta-feira que irá estudar a petição pública que pede a extradição do dentista norte-americano que supostamente matou “Cecil”, um leão do Zimbábue.
A petição já angariou mais do que as 100 mil assinaturas exigidas, e a Casa Branca declarou que responderá a todas as petições que atinjam este patamar.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que cabe ao Departamento de Justiça responder a uma ordem de extradição.
O incidente está sendo investigado pelas autoridades do Zimbábue e pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos.
Isso porque milhares de pessoas se mobilizaram pela rede para expressar seu repúdio ao ato, assinar abaixo-assinados pedindo extradição do responsável ao Zimbábue e enviar comentários hostis em suas páginas pessoais e empresarial.
De acordo com autoridades responsáveis pela fauna no Zimbábue, Palmer matou Cecil, que era um símbolo do país e o animal mais popular do Parque Nacional de Hwange, durante uma caça ilegal. O dentista mais tarde confessou o ato -- ele teria pago US$ 50 mil a duas pessoas, que atraíram a fera para uma armadilha.
Uma petição online destinada ao presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, já tem mais 740 mil assinaturas. O documento pede justiça no caso Cecil e que o país africano exclua as permissões de caça para proteger animais em risco de extinção.
Outro abaixo-assinado, desta vez no site da Casa Branca, pede para que Palmer seja extraditado e julgado de acordo com as leis do Zimbábue. Este documento supera as 133 mil assinaturas.
Antes disso, já na quarta-feira, o consultório odontológico de Palmer, em Bloomington (Minnesota), foi inundado por cartazes e pequenos leões de pelúcia colocados por ativistas de direitos animais. O local teve de ser fechado por período indeterminado.
Em um site de avaliações de serviço, o Yelp, dezenas de usuários postaram mensagens maledicentes contra o consultório. Da mesma forma, as páginas pessoais do dentista em redes sociais tiveram de ser desativadas devido à grande quantidade de mensagens raivosas.
Figuras públicas também se manifestaram. O comediante britânico Rick Gervais, um conhecido ativista pelos direitos animais, postou em sua conta no Twitter a imagem de Cecil com a legenda “estou lutando para imaginar alguma coisa mais bela do que isso”.
Sharon Osbourne, empresária e personalidade da tevê, foi mais ostensiva e escreveu: “Espero que ele perca sua casa, seu trabalho e seu dinheiro. A alma ele já perdeu”.
Defesa
Ainda na terça-feira, o norte-americano se defendeu: “Não tinha nem ideia de que o leão que matei era um animal de estimação local, que tinha uma coleira e que fazia parte de um estudo”, disse em um comunicado reproduzido pelo jornal local “Star Tribune”.
“Lamento profundamente que, ao realizar uma atividade que amo e levo a cabo de modo responsável e legal, tenha resultado na morte desse leão”, ele completa.
Palmer defende que durante sua estada no país, no início de julho, contratou “vários guias profissionais” que teriam “todas as licenças adequadas” para esse tipo de caça.
Caçada
Segundo as informações da guarda do parque no Zimbábue, os caçadores retiraram rastreador GPS que Cecil usava justamente para protegê-lo da caça -- em um claro ato para despistar a guarda ambiental.
O leão foi atingido primeiro por uma balestra (espécie de arco e flecha, mas com gatilho) e depois caçado numa perseguição que durou 40 horas para ser morto por disparo de arma no fim.
Cecil era o macho alfa, o líder de um bando de leões com 24 filhotes. Especialistas apontam que a probabilidade de que estes pequenos leões sobrevivam é pequena -- provavelmente serão mortos por outros leões que tentarão assumir o lugar de Cecil.
O paradeiro de seu caçador, Palmer, é desconhecido no momento, mas a cabeça de Cecil e sua pele foram recuperadas e devem ser usadas como prova no tribunal que o julgará (caso seja extraditado) e a seus cúmplices.
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