Presidente colombiano suspendeu decreto sobre cessar-fogo com guerrilha após desmentido do ELN, e documentos dos Twitter Files apontaram manipulação russa em seu favor na eleição do ano passado| Foto: EFE/Mario Caicedo
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O ano ainda nem completou sua primeira semana, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já sofre o constrangimento de duas crises políticas desencadeadas desde domingo (1º).

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Nesta quarta-feira (4), o ministro do Interior da Colômbia, Alfonso Prada, anunciou que o governo suspendeu o decreto de um cessar-fogo bilateral com a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN), um dia depois de o grupo guerrilheiro ter desmentido Petro e afirmado que não existe nenhum acordo a respeito.

Pouco antes da meia-noite do último dia de 2022, Petro havia afirmado que o ELN e outros quatro grupos armados haviam acertado com o governo um cessar-fogo bilateral de seis meses, que valeria de 1º de janeiro a 30 de junho.

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Em comunicado divulgado na terça-feira (3), o ELN, com quem o governo colombiano retomou no ano passado negociações de paz, negou a informação e disse em comunicado que “só cumpre o que é discutido e acordado na Mesa de Diálogo da qual participamos” e que “um decreto governamental unilateral não pode ser aceito como um acordo”.

Prada alegou nesta quarta-feira que “no próximo ciclo [de negociações] o diálogo sobre esta questão [cessar-fogo] será reativado”, mas o desmentido ao anúncio feito por Petro já havia feito o estrago: o presidente está sendo acusado de amadorismo, nas análises mais suaves, e de propagar fake news, na opinião dos partidos que lhe fazem oposição.

“É um sinal de improvisação e falta de coordenação por parte da equipe de negociadores [do governo]”, disse León Valencia Agudelo, diretor da Fundação Paz e Reconciliação, em entrevista ao jornal El Espectador. A segunda rodada de negociações desde a retomada das conversas começará no México no próximo dia 20.

A segunda crise foi deflagrada também na terça-feira, quando o jornalista americano Matt Taibbi, em novo capítulo dos Twitter Files, divulgou que documentos internos da rede social comprovariam que a Rússia teria ajudado Petro na sua vitoriosa campanha presidencial do ano passado.

De acordo com um relatório obtido pelo jornalista, durante um monitoramento de rotina de atividades na rede social na América Latina, com foco em Venezuela, Cuba e Colômbia, foi detectada movimentação no Twitter típica de bots (robôs), na qual foram identificados contas falsas e impulsionamento das hashtags #PactoHistorico (nome da coalizão do presidente colombiano), #PetroPresidente2022 e #PetroPresidenteColombia2022.

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Essa atividade estaria ligada à Agência de Pesquisa da Internet, popularmente conhecida como a Fábrica de Trolls de São Petersburgo e cujo principal financiador seria Yevgeny Prigozhin, oligarca apoiador do presidente russo, Vladimir Putin, e líder do grupo paramilitar Wagner Group. Petro ainda não se pronunciou sobre o assunto.

No Twitter, Federico “Fico” Gutiérrez, um dos candidatos derrotados por Petro na eleição do ano passado, criticou o presidente pelos dois escândalos.

“O governo Petro anuncia coisas que não são verdade. O ELN diz que não foi acordado nenhum cessar-fogo. O mais grave disso tudo é que o governo já algemou as forças de segurança e a população civil está indefesa. Não é apenas improviso, é a entrega do país a grupos criminosos”, afirmou, a respeito do cessar-fogo desmentido pela guerrilha.

Sobre a denúncia dos Twitter Files, Gutiérrez afirmou que Petro e seus apoiadores “venceram com trapaças, mentiras, apoio de estruturas criminosas e até com interferência da Rússia”.

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“Não é à toa que Petro não questionou a invasão e as mortes na Ucrânia durante a campanha. Estão se preparando para fazer o mesmo nas eleições regionais de 2023?”, disparou. (Com informações da Agência EFE)

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]