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Favorita ao cargo de primeira-ministra, Giorgia Meloni disse que vai processar ex-embaixador americano que afirmou que o partido dela teria recebido dinheiro da Rússia
Favorita ao cargo de primeira-ministra, Giorgia Meloni disse que vai processar ex-embaixador americano que afirmou que o partido dela teria recebido dinheiro da Rússia| Foto: EFE/EPA/LUCA ZENNARO

As acusações dos serviços secretos dos Estados Unidos de que a Rússia financiou políticos de outros países com US$ 300 milhões está abalando a campanha eleitoral na Itália, onde vários líderes pediram que a verdade seja esclarecida com urgência sobre o envolvimento de partidos italianos, enquanto a direita se apressou em negar o recebimento de fundos russos.

“É estranho que esta notícia falsa chegue dez dias antes da votação: há anos há investigações abertas, nunca se descobriu nada porque não há nada. Outra coisa é trabalhar pela paz e tentar parar a guerra”, disse o direitista Matteo Salvini, líder da Liga, já investigada pela Justiça italiana pela possibilidade de ter recebido dinheiro de Moscou.

Salvini, que no passado não escondeu sua admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou ir ao tribunal após essas novas notícias, assim como Giorgia Meloni, líder do também direitista Irmãos da Itália (FdI) e favorita para ser a próxima primeira-ministra após as eleições de 25 de setembro.

“Nossas formas de financiamento são todas verificáveis. Tenho certeza de que o FdI não aceita dinheiro de estrangeiros”, declarou Meloni, ao anunciar uma ação judicial contra o jornal Repubblica e o ex-embaixador dos EUA Paul Volker, que afirmou à publicação: “A simpatia pela Rússia da Liga e de [Silvio] Berlusconi era conhecida, mas agora o refrão recorrente é que a FdI também recebeu ajuda”.

Quem também negou qualquer envolvimento foi Antonio Tajani, o número dois do conservador Força Itália (FI), cujo líder, Silvio Berlusconi, era considerado um bom amigo de Putin até alguns meses atrás, e pediu a todos transparência, um pedido que também foi feito por líderes da centro-esquerda.

“Pedimos ao governo a verdade antes da votação. Se tiver provas, deve ser imediatamente objeto de debate na Itália”, destacou Enrico Letta, secretário-geral do Partido Democrático (PD), a principal formação progressista, que também insistiu na necessidade de transparência e de uma explicação “urgente”.

Letta, que alegou em diversas ocasiões haver interferência do Kremlin na campanha eleitoral italiana, argumentou que “o esforço russo para sujar a democracia e nós, que apoiamos a unidade da Europa, é perturbador”, enquanto o ainda ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, líder da pequena formação Empeño Cívico, solicitou uma comissão de investigação.

O presidente da Comissão Parlamentar de Segurança da República (Copasir), Adolfo Urso, anunciou uma reunião do grupo com Franco Gabrielli, autoridade máxima do governo em matéria de segurança, mas antecipou que até o momento não há notícias de que a Itália está entre os países envolvidos.

A embaixada da Rússia em Roma negou categoricamente as acusações dos EUA, cujo governo, por sua vez, acusou de interferir nas eleições italianas ao apresentar denúncias sem provas alguns dias antes da votação.

“Os Estados Unidos tentam mais uma vez acusar a Rússia de interferir nos assuntos internos dos países ocidentais, especialmente no processo eleitoral. A ausência de provas não é convincente? E o que seria isso senão uma tentativa descarada de manipular a opinião pública às vésperas das eleições?”, escreveu a embaixada russa nas redes sociais.

O jornal The Washington Post publicou na terça-feira (13) que os serviços de inteligência dos Estados Unidos acusam a Rússia de ter financiado partidos e candidatos de outros países com US$ 300 milhões com o objetivo de influenciar sua vida política, citando fontes anônimas do governo americano.

O jornal indicou que entre os mais de 20 países receptores estariam Albânia, Montenegro, Madagascar e, “potencialmente”, o Equador.

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