Mais de 36 anos depois, um juiz federal ordenou na sexta-feira que o testemunho secreto do presidente Richard Nixon a um grande júri sobre o escândalo Watergate seja tornado público por causa de sua significância na história dos Estados Unidos.
O juiz distrital Royce Lamberth atendeu à solicitação do historiador Stanley Kutler, que escreveu vários livros sobre Nixon e o Watergate, e de outros para liberar o depoimento dado nos dias 23 e 24 de junho de 1975.
Nixon foi interrogado sobre o escândalo político nos anos 1970, resultado da invasão da sede do Comitê Nacional Democrata, no complexo de escritórios Watergate, em Washington.
O escândalo fez Nixon deixar o poder em 9 de agosto de 1974, na única renúncia de um presidente dos EUA. O escândalo também resultou em um inquérito, no julgamento, na condenação e na prisão de uma série de seus principais assessores.
Lamberth determinou num documento de 15 páginas que as circunstâncias especiais, em especial o indiscutível interesse histórico no testemunho de Nixon, superavam de longe a necessidade de manter os registros em sigilo. Os procedimentos de um grande júri em geral permanecem secretos.
"O significado de Watergate para a história americana não pode ser exagerada," escreveu Lamberth, acrescentando que o escândalo continua a atrair o interesse público e acadêmico.
"A divulgação do testemunho do presidente Nixon ao grande júri provavelmente fortalecerá o registro histórico existente, alimentando a discussão acadêmica e melhorando a compreensão do público sobre um acontecimento histórico significativo," disse ele.
O Departamento de Justiça do governo Obama havia se oposto à divulgação do depoimento de Nixon, citando interesses de privacidade de indivíduos citados no testemunho, entre outras razões.
Mas Lamberth afirmou que esses interesses eram mínimos.
Ele afirmou que Nixon morreu há 17 anos, muitas pessoas chaves que provavelmente são mencionadas também morreram e a maioria dos que ainda vivem escreveu sobre Watergate, deu entrevistas ou testemunhou sob juramento sobre seu envolvimento.
A transcrição do grande júri de Nixon não será divulgada de imediato porque o governo ainda pode recorrer da decisão. Um porta-voz do Departamento de Justiça disse que os advogados do governo estavam analisando a decisão.
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