Omitindo o calote de US$ 61 milhões na dívida externa de seu país, além do questionamento de um passivo de US$ 243 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o presidente do Equador, Rafael Correa, propôs ontem a criação de um fundo da América do Sul, composto pelas reservas internacionais dos países da região - no caso do Brasil, uma parcela ou o total dos US$ 207 bilhões acumulados pelo País.

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Na visão do economista Correa, doutor pela Universidade de Illinois esse fundo seria um porto seguro para os países da região que atravessassem uma crise de balanço de pagamento, e para os que buscassem recursos para seus investimentos.

Correa fez um pronunciamento ontem na 36ª Reunião de Cúpula do Mercosul lamentando que o Banco do Sul, proposto pelo governo venezuelano, não esteja em funcionamento neste momento de crise econômica mundial e defendeu outra nova idéia - a adoção de uma mecanismo de comércio em moedas locais entre os países sul-americanos. Ao expor essa proposta, o equatoriano não teve o cuidado de citar o modelo de operação no intercâmbio entre Brasil e Argentina, em vigor desde setembro.

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Correa falou abertamente na reunião do Mercosul, comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas não conseguiu suavizar o clima pesado entre Brasil e Equador, provocado por sucessivas agressões de Quito a Brasília nos últimos meses. Em especial, pela expulsão da Odebrecht e de Furnas do país e a decisão de submeter a uma arbitragem internacional seu passivo com o BNDES, relacionado ao financiamento da construção da hidrelétrica de San Francisco.

A essas razões, soma-se a ameaça de inadimplência com o Convênio de Crédito Recíproco (CCR), o mecanismo por meio do qual são feitos os pagamentos das transações comerciais entre países latino-americanos. Se essa nova ameaça se concretizar, serão afetadas as relações comerciais entre 12 países da região.