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Yogyakarta – Um avião lotado de passageiros incendiou-se no momento da aterrissagem na Indonésia ontem, provocando a morte de 23 pessoas que ficaram presas no interior do aparelho. Mais de 115 pessoas escaparam pelas saídas de emergência. Duas pessoas continuam desaparecidas. Diversos sobreviventes foram internados com queimaduras graves, mas não havia detalhes sobre o número de feridos.

O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, ordenou a realização de uma ampla investigação sobre a queda. Andi Mallarangeng, porta-voz do presidente, disse que Bambang pediu a seu secretário de segurança que apure possíveis causas "não-técnicas" para a tragédia, sinalizando que haveria suspeita de sabotagem. Por sua vez, o primeiro-ministro da Austrália, John Howard, desmentiu que houvesse indícios de ato de sabotagem ou terrorismo.

De acordo com autoridades locais, as caixas-pretas da aeronave já foram recuperadas e serão enviadas para perícia na Austrália ou nos Estados Unidos.

Sobreviventes, muitos deles ensangüentados e ainda atordoados com a tragédia, relataram que o Boeing 737-400 da companhia estatal indonésia Garuda sacudiu violentamente no momento em que se aproximava do aeroporto de Yogyakarta, 440 quilômetros a sudeste de Jacarta, e desceu em alta velocidade. A aeronave saiu da pista e quicou pelo menos três vezes no solo antes de atravessar uma cerca e parar num arrozal a 300 metros da cabeceira.

Testemunhas disseram que o avião já estava em chamas antes da aterrissagem. Um funcionário da torre de controle disse que o motor desprendeu-se da aeronave no momento da queda e o fogo espalhou-se pela fuselagem. Observadores especulam que o tanque de combustível pode ter sido perfurado no momento do primeiro impacto.

"De repente vimos fumaça na fuselagem", disse o líder islâmico local Dien Syamsudin à emissora de rádio El-Shinta. "Eu vi um estrangeiro. Suas roupas estavam em chamas. Eu consegui alcançar a saída de emergência. Graças a Deus, sobrevivi", prosseguiu.

Nuniek Sufithri, uma sobrevivente de 30 anos, está grávida de dez semanas. "Agradeci a Deus por ter sobrevivido, mas depois as pessoas começaram a gritar ‘fogo, fogo’", relatou. "Tentei escapar, mas fiquei presa entre outros passageiros. Alguém me puxou, me levou até a porta e me empurrou pra fora", prosseguiu. Ela contou ter ficado tonta e que outras pessoas a ajudaram a ir para um local seguro. A sobrevivente não abortou.

Trata-se da terceira catástrofe aérea com aviões comerciais na Indonésia em menos de três meses. Na virada do ano, um avião de passageiros caiu no mar, matando as 102 pessoas a bordo. Algumas semanas depois, a fuselagem de outro avião partiu-se ao meio no momento da aterrissagem. Mas não houve vítimas.

Políticos locais voltaram a pedir a demissão do ministro indonésio dos Transportes, Hatta Radjasa, que tem sido criticado por uma série de recentes acidentes com balsas, um dos quais matou 400 pessoas.

"Não se deve permitir que ele saia disso como se nada tivesse acontecido", protestou Burhaniddin Napitulu, um parlamentar governista. "O público perdeu toda a confiança. As pessoas estão com medo demais para tomar aviões, trens e balsas porque esses desastres não acabam nunca", criticou.

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