O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira que os críticos à resposta de Washington ao golpe de Estado em Honduras são hipócritas ao exigirem maior empenho norte-americano para restaurar o presidente deposto, Manuel Zelaya, no poder.
Zelaya, um aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse na semana passada que os EUA precisam "apenas fechar suas mãos" para expulsar o governo interino instalado desde que ele foi deposto, em junho.
"Os mesmos críticos que dizem que os Estados Unidos não intervieram o bastante em Honduras são as mesmas pessoas que dizem que estamos sempre intervindo e que os Yanquees precisam sair da América Latina", disse Obama em entrevista coletiva durante a cúpula EUA-México-Canadá, em Guadalajara.
"Você não pode ter isso das duas maneiras", disse Obama sem citar nomes. "Temos sido muito claros em nossa crença de que o presidente Zelaya foi removido de seu cargo ilegalmente, de que foi um golpe e ele deve retornar. Temos cooperado com todos os órgãos internacionais em mandar esta mensagem".
A esquerda latino-americana tem criticado Washington por décadas por interferências nos assuntos regionais por força militar, ações secretas e pressão econômica.
Obama, que assumiu em janeiro, prometeu um relacionamento com a América Latina baseado em respeito mútuo.
O presidente disse a repórteres em Washington, na semana passada, não ter uma maneira rápida para resolver a crise política em Honduras e que os EUA não tomariam nenhuma ação unilateral.
"Se estes críticos pensam que é apropriado para nós agirmos de repente de maneira que em todo outro contexto eles considerariam inapropriado, então acho que o que isso indica é que talvez possa haver alguma hipocrisia envolvida na aproximação deles à relação EUA-América Latina", disse Obama nesta segunda-feira.
Esforços de mediação pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, ainda não chegaram a um acordo para o retorno de Zelaya ao poder.