O deputado e economista argentino Javier Milei sorteará o seu salário integral de legislador na próxima quarta-feira, e mais de 900 mil pessoas já se inscreveram para tentar a sorte.
O deputado garantiu que sorteará a cada mês o seu salário de cerca de 300 mil pesos, aproximadamente R$ 16,2 mil. Em dezembro, o seu salário como deputado chegou a cerca de 205 mil pesos, já que ele assumiu no dia 10 do mês passado.
Em entrevista ao canal Crónica, o economista - que é chamado de "Bolsonaro argentino" - admitiu que havia um "conflito de interesses" entre sua filosofia "anarcocapitalista" e a possibilidade de receber dinheiro do Estado, motivo pelo qual quer devolver essa quantia "ao povo".
"A ideia é que o dinheiro que foi retirado à força do povo seja devolvido ao povo", disse Milei, acrescentando que o sorteio será feito por um notário.
Para participar, os interessados só precisam registrar o nome e documento de identidade, número de telefone, e-mail e data de nascimento. Apenas argentinos maiores de 18 anos podem participar.
Após a abertura das inscrições para os sorteios em 6 de janeiro, o site caiu devido ao número de acessos. Em apenas 24 horas, mais de 200 mil participantes se inscreveram. No momento, esse número já passa de 907 mil inscritos, segundo informou Milei em redes sociais.
O vencedor será anunciado na quarta-feira (12), após uma conferência realizada pelo economista na cidade de Mar del Plata, na província de Buenos Aires.
Após o sorteio, as inscrições serão reabertas, e quem já se inscreveu continuará participando.
O governo argentino abriu uma investigação para apurar se o sorteio do deputado infringiu a lei de proteção de dados pessoais do país, segundo noticiou o La Nación. Fontes oficiais disseram ao jornal que o site do sorteio não informa a política de privacidade da base de dados e nem Milei nem a empresa que elaborou o site estão inscritos no Registro Nacional de Bases de Dados Pessoas da agência governamental responsável pelo acesso à informação pública.
Crítico da política tradicional
Nas eleições legislativas de 14 de novembro, a coalizão A Liberdade Avança, liderada por Milei, ficou em terceiro lugar na cidade de Buenos Aires, com um total de 310.036 votos (17,03% dos votos), ganhando dois assentos na Câmara.
O agora deputado nacional se tornou famoso pela crítica à tradicional "casta" política e ao que ele chama "marxismo cultural". Entre outras propostas, o economista propõe a abolição do Banco Central e do peso argentino como moeda comum, assim como a desregulamentação do sistema financeiro, considerando os impostos como um "resquício" da escravidão.
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