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Um grupo de deputados apresentou nesta terça-feira (26) perante a Duma, a Câmara dos Deputados da Rússia, um projeto de lei que abre caminho para o reconhecimento do Talibã pelo Kremlin.
O projeto inclui um novo mecanismo para levantar a proibição das atividades de organizações consideradas terroristas, como é o caso dos talibãs. A lei contempla apenas um levantamento provisório da referida proibição, para que a organização afetada possa ser novamente incluída na lista de entidades terroristas em caso de reincidência.
Esta medida ainda dependerá de decisão judicial que se baseará na recomendação da Procuradoria-Geral, desde que a organização renuncie a cometer, apoiar, promover ou justificar ações terroristas.
“A lei será aplicada a todos os grupos terroristas, sem exceção, em relação aos quais surja a necessidade de cessar seu reconhecimento como organizações terroristas. Se tal questão surgir com os talibãs, então também com os talibãs”, disse Ernest Valeev, um dos autores do projeto, à agência de notícias estatal RIA Novosti.
Neste sentido, vários especialistas citados pela imprensa local acreditam que esta lei permitirá em breve o reconhecimento oficial do regime dos talibãs no Afeganistão.
Em sua coletiva de imprensa telefônica diária, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, considerou nesta terça-feira “muito importante” estabelecer contatos com as autoridades do regime islâmico de Cabul.
Os planos de Moscou para excluir os talibãs da lista de organizações terroristas foram confirmados nesta semana pelo secretário do Conselho de Segurança russo, Sergei Shoigu, quando se reuniu com representantes do regime islâmico afegão.
No último mês de outubro, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, também se encontrou com o chefe da diplomacia do regime do talibã, Amir Khan Muttaqi.
Lavrov e Muttaqi expressaram então a vontade de ambos os países de estabelecer “relações políticas de confiança” que promovam um aumento na cooperação comercial bilateral.
O ditador russo, Vladimir Putin, sugeriu em diversas ocasiões nos últimos anos uma possível exclusão dos talibãs da lista de terroristas, mas no passado condicionou isso à aprovação da ONU.
A Rússia proibiu os talibãs em 2003, embora tenha recebido os seus representantes em várias ocasiões antes de estes tomarem o poder em Cabul, em agosto de 2021.
Desde então, os talibãs viajaram várias vezes a Moscou para participar em conferências sobre a regulação no Afeganistão e o Kremlin convidou-os a participar este ano tanto no Fórum Econômico de São Petersburgo como na cúpula dos Brics.