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Eleições europeias

Perda de apoio dos ambientalistas deve frear agenda verde da UE

Um trator carregando um cartaz que diz “o Verde não é bom”, enquanto agricultores poloneses bloqueiam o trânsito durante um protesto na cidade de Poznan (Foto: EFE/EPA/JAKUB KACZMARCZYK POLAND OUT)

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As eleições de domingo para escolha dos novos representantes do Parlamento Europeu foram marcadas por uma ascensão da direita e uma derrota significativa dos partidos ambientalistas, representados pelo grupo Verdes no órgão legislativo da UE.

O bloco obteve 18 assentos a menos que na votação anterior, em 2019, caindo do quarto para o sexto lugar em relação à representatividade no Parlamento - agora com 53 assentos. A perda de apoio veio principalmente das delegações francesa e alemã, que representavam metade da força do grupo.

Nas últimas eleições, os Verdes obtiveram um desempenho positivo, apoiados por jovens estudantes influenciados pela ativista sueca Greta Thunberg e sua pauta ambientalista, que pressionou o Parlamento Europeu a desenvolver sua "agência verde".

Contudo, o atual cenário de tensão na Europa devido à guerra da Ucrânia e os problemas econômicos dos países parece ter afastado as "preocupações" dos eleitores com a pauta climática, o que pode contribuir para a redução das políticas nesse sentido.

Na Alemanha, um dos países que mais tirou apoio dos Verdes nas eleições, as perdas foram resultado da migração de eleitores jovens para a direita, alguns dos quais parecem ter se voltado para a Alternativa para a Alemanha (AfD), segundo análises da imprensa europeia.

O apoio aos Verdes também despencou na Áustria e França, onde a ala mais à direita teve um desempenho superior e levou o presidente Emmanuel Macron a convocar eleições parlamentes antecipadas.

Essa resposta negativa nas urnas é vista principalmente como uma reação do povo europeu ao Acordo Verde, um projeto fracassado de ambições climáticas que guiou as atividades parlamentares nos últimos cinco anos.

As políticas em prol do meio ambiente, aplicadas pela UE, renderam nos últimos meses grandes protestos em diversos países do bloco, onde agricultores frustrados saíram às ruas para pressionar os governos locais e o Parlamento europeu por isenções das regulamentações ambientais e a redução da burocracia, que limitam a produção no campo.

Os partidos nacionalistas e de direita, que tradicionalmente se mostram céticos a medidas relacionadas a questões climáticas, também têm criticado tais políticas da UE por prejudicarem os trabalhadores locais.

Além disso, a invasão russa à Ucrânia de 2022 foi outro empecilho para os ambientalistas. Em 2019, o bloco fez promessas de se tornar o primeiro continente a atingir a neutralidade climática até 2050, ao zerar o nível de emissões líquidas de carbono.

No entanto, os anos que se seguiram com a pandemia e a guerra de Vladimir Putin no leste europeu tornaram esse plano cada vez mais distante.

Em 2021, a Rússia era responsável por mais de 40% do fornecimento de gás para a UE. Contudo, após a invasão à Ucrânia, essa importação caiu drasticamente para cerca de 8 % em 2023, provocando uma crise energética no bloco, que precisou buscar outras fontes.

A demanda por energia se mostrou então um empecilho na tentativa de zerar a emissão de carbono.

Nesse cenário, a Alemanha, um dos grandes defensores da pauta climática, precisou reativar sua indústria do carvão, indo de encontro ao discurso que passou a defender em 2020, quando o país anunciou que desativaria suas usinas movidas a carvão até 2038.

Esses fracassos do bloco em alcançar apoio para aplicar suas ambições climáticas tornaram os eleitores europeus cada vez mais céticos e pessimistas quanto à aplicabilidade da agende verde.

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