As empresas paranaenses que usam o gás natural em larga escala mostraram preocupação com o decreto de Evo Morales que nacionaliza produção do combustível. Para o presidente do Sindicato da Indústria da Louça e Porcelana do Paraná (Sindilouça), José Canisso, a medida pode ser um golpe para o setor, maior consumidor industrial de gás natural no Paraná.

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As oito empresas de cerâmica que trabalham exclusivamente com gás natural, sistema implantado em 2000, usam 150 mil metros cúbicos por dia, 20% de todo o consumo no estado. "Em caso de desabastecimento ou de alta dos preços do combustível, o setor, que emprega 15 mil pessoas no estado, terá de buscar outras alternativas, como GLP ou gás pressurizado, o que onera os custos de produção", diz Canisso. Hoje o gás natural representa 25% do preço de qualquer peça de louça e porcelana.

A Incepa, fabricante de revestimentos cerâmicos, com sede em Campo Largo, divulgou ontem uma nota dizendo que pode ter de paralisar a produção em caso de falta do combustível. "No entanto, acreditamos que o governo brasileiro irá se posicionar, evitando assim um prejuízo vultuoso", diz a nota.

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A multinacional Aspro, que desde 2003 possui uma fábrica de sistemas de compressão para gás natural veicular (GNV) também em Campo Largo, informou que "não pretende modificar seu plano de investimentos no mercado de GNV para 2006", mantendo as metas de produção que já estavam estabelecidas. Por enquanto, a empresa está confiante na postura da Petrobrás, que garantiu que não haverá desabastecimento do combustível.

Outra empresa que depende da expansão do mercado brasileiro de gás natural é a gaúcha NeoGás, que desenvolveu um sistema de compressão para comprimir o gás e transportá-lo, por rodovias, aos locais que hoje não são atendidos por gasodutos. "Por enquanto, nada muda. Continuaremos fazendo investimentos em vários pontos do país, até porque muitos deles, como a Região Nordeste, não dependem do gás boliviano", disse o gerente comercial da empresa, Ricardo Neumayer.