O governador da Flórida, Ron DeSantis, pré-candidato à presidência dos Estados Unidos e principal concorrente de Donald Trump na disputa pela vaga do Partido Republicano nas eleições de 2024, disse nessa terça-feira (18) estar otimista com a possibilidade de derrotar o ex-presidente, principal favorito, nas primárias que vão definir o próximo representante partidário.
Por outro lado, DeSantis afirmou torcer para que a investigação contra Trump não termine em processo.
"Não acho que vá adiantar nada ter uma eleição presidencial focada no que aconteceu há quatro anos em janeiro", disse ele em uma entrevista à rede CNN, referindo-se à investigação sobre o papel do ex-presidente dos Estados Unidos no ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
"Não quero vê-lo, espero que ele não seja indiciado. Não acho que isso seja bom para o país. Mas, ao mesmo tempo, tenho que me concentrar em olhar para frente, e é isso que vamos fazer", disse DeSantis, que abordou a situação financeira de sua campanha, o aborto, a questão LGBTQI+ e minimizou o peso da guerra na Ucrânia na entrevista ao jornalista Jake Tapper.
Na entrevista à CNN, que foi gravada pouco depois de Trump ter anunciado nas redes sociais que estava sendo investigado pelo ataque ao Capitólio, o governador republicano mostrou confiança em conquistar a vaga nas primárias do Partido Republicano.
Nesse contexto, ele minimizou o efeito dos cortes de pessoal em sua campanha (pelo menos dez funcionários, de acordo com o portal Politico) e se mostrou confiante em se recuperar nas pesquisas, que atualmente apontam seu concorrente como o grande favorito.
De fato, a pesquisa Morning Consult da última semana mostra o ex-presidente (2017-2021) com 56% das intenções de voto entre os eleitores republicanos, enquanto DeSantis aparece em segundo, com 17%.
Em outras palavras, DeSantis está 39 pontos percentuais atrás de Trump e, em um "mínimo histórico" para o instituto de pesquisa, que começou a acompanhar os rumos das primárias em dezembro do ano passado.
Uma nova pesquisa da Universidade de New Hampshire, divulgada nessa terça-feira (18), mostra Trump mantendo uma ampla vantagem sobre DeSantis entre os prováveis eleitores das primárias republicanas em New Hampshire: 37% a 23%.
Em relação à política externa, DeSantis, 44 anos, classificou a invasão da Ucrânia pela Rússia como uma guerra de "interesse secundário ou terciário", embora ele estivesse disposto a "ajudar a concluí-la".
"O objetivo deve ser uma paz sustentável e duradoura na Europa, mas que não recompense a agressão", disse o pré-candidato presidencial republicano.
Perguntado se pararia de armar a Ucrânia ou acabaria com o envio de ajuda financeira ao país, caso fosse presidente dos EUA, DeSantis não respondeu e, simplesmente, defendeu que o foco fosse colocado na Ásia e na China.
"Não vou diminuir nosso estoque e deixar de enviá-lo para Taiwan. Não vou nos tornar menos capazes de responder às demandas", disse DeSantis a Tapper, continuando a descrever o futuro da ilha do Pacífico como de "interesse significativo".
Na trilha da campanha, ele declarou que tem os recursos financeiros necessários para concorrer à candidatura republicana e que o objetivo principal é "ter um aparato significativo nos estados de caucus (espécie de reunião entre eleitores para debater sobre as propostas dos candidatos) e nos primeiros estados" na batalha das primárias.
"Fazer investimentos e aumentar a capacidade de atrair mais apoiadores é o que precisa ser feito", frisou.
Ele também rebateu as críticas a um vídeo que compartilhou, no qual se insurgiu contra as promessas de Trump de proteger os direitos LGBTQ, que foi classificado por seus detratores como "divisivo e desesperado".
DeSantis afirmou ter determinação em respeitar todas as pessoas, "mas o que não faria é virar a sociedade de cabeça para baixo para acomodar (a comunidade LGBTQ), que é uma porcentagem muito, muito pequena da população".
Sobre o aborto, ele disse que se considera uma pessoa "pró-vida".
"Serei um presidente pró-vida. E apoiaremos políticas pró-vida", afirmou, alertando para o risco de que o Congresso dos EUA, "se perder a eleição", tenha como objetivo "nacionalizar o aborto até o momento do nascimento".
Uma lei estadual de 2023 assinada por DeSantis restringe o aborto a até seis semanas de gravidez.
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