Governo e oposição trocaram farpas ontem, no dia seguinte ao acidente de trem que matou 50 pessoas e deixou mais de 700 feridos na Estação Once, no centro de Buenos Aires.
A polícia ainda não chegou a conclusões com relação à causa da tragédia, mas os críticos ao governo de Cristina Kirchner cobraram melhor atuação por parte do Estado.
"O governo deve dar explicações para a falta de controles da TBA [Trens de Buenos Aires]", disse o cineasta e líder do Proyecto Sur, Fernando Solanas. O diretor referia-se à empresa privada responsável pela linha, que recebia subsídios do Estado.
Um dos diretores da TBA, Roque Cirigliano, afirmou que o trem vinha operando de forma "aceitável" e que acreditava na hipótese de erro humano. Foi insultado aos gritos de "assassino".
O socialista Christian Castillo pediu a nacionalização dos transportes, enquanto as principais centrais sindicais defenderam que o governo retome o controle da linha.
O secretário de Transportes, Juan Pablo Schiavi, e o ministro do Planejamento, Julio de Vido, deram uma conferência a jornalistas na qual não se permitiram perguntas. Disseram que o Estado atuaria "em defesa dos cidadãos".
Schiavi também amenizou declarações que repercutiram mal. O secretário havia dito que as pessoas que morreram por estar nos vagões um e dois compartilhavam "essa coisa da cultura argentina de querer ficar na frente para sair primeiro". E também que, se o acidente tivesse ocorrido durante o Carnaval, não haveria tantos mortos.
"Não estava tentando minimizar apenas reforçar que por ser horário de pico, houve mais vítimas", disse.
Deputados da oposição sugeriram que o secretário de Transportes deveria ir ao Congresso dar explicações. O acidente ocorre quando o governo estuda rever subsídios adotados na década de 2000 em razão da crise.
"O transporte passou das mãos do Estado para empresas privadas, nos anos 90, e o controle se diluiu. A isso soma-se o crescimento do país e do consumo, com a infraestrutura de 20 anos atrás. Não é questão de ser público ou privado. Faltou investimento", disse a economista Marina Dal Poggetto.
Ontem, dez famílias ainda buscavam parentes desaparecidos no acidente.
Segundo as autoridades, os 50 mortos já foram identificados, mas ainda havia muitos feridos anônimos espalhados nos hospitais da redondeza.
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