Copiapó - A vontade de ver o nascimento do primeiro filho deu a Richard Villaroel ânimo para lutar pela sobrevivência durante os 69 dias em que passou soterrado com 32 colegas numa mina chilena e de onde saiu escutando música. Horas depois de ser retirado da diminuta cápsula Fênix 2 do fundo da mina, através de um poço de 622 metros escavado na rocha com esse objetivo, Villaroel viveu o dia de ontem como se fosse o primeiro dia de uma nova vida, ao lado da mulher grávida.
"A viagem foi tranquila... sem desespero, sem problema. Estava tudo bem preparado. Subi escutando música", comentou, entre risos, o chileno de 27 anos, um dos últimos a ser resgatado na maior operação desse gênero já realizada e assistida pela TV por milhões de pessoas no mundo todo. Ele contou também que todos os dias rezava para afastar o pesadelo de não conhecer seu filho, uma sensação que era ainda mais desesperadora nos primeiros 17 dias, quando o mundo não sabia se os mineiros haviam sobrevivido a um desabamento dentro da mina San José, no deserto do Atacama.
Dias difíceis
"O pior momento foi quando caiu o segundo bloco (de rochas), e aí a mina ficou fechada por completo. Pensei que não voltaria a ver minha esposa, que não veria nascer meu filho", disse ele ao canal estatal TVN. Mecânico de profissão, foi considerado um dos mineiros "fortes" do grupo, razão pela qual ficou entre os últimos a ser resgatado. No claustrofóbico e caloroso túnel até a superfície, ele disse que se sentiu relaxado e com esperanças.
Villaroel foi protagonista de uma das muitas histórias incríveis nessa saga. Sua mãe só soube que ele estava trabalhando na mineração quando ouviu seu nome entre os das 33 vítimas.
À media que avançavam os dias, eles decidiram tentar novas estratégias para que alguém do lado de fora percebesse que estavam vivos, mas sem sucesso.
