Uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou nesta quarta-feira (22) que o aumento do desemprego pode levar ao aumento da intolerância, caso os governos deixem de agir. Um dia após mais de 100 países aprovarem uma declaração de solidariedade sobre o racismo, os encarregados de falar apontaram o risco de a crise econômica piorar o problema. "Seria ingênuo esperar que nossos esforços terão sucesso em por um fim rápido e irreversível ao preconceito e ao ódio", afirmou Terry Davis, chefe do Conselho da Europa, órgão encarregado de monitorar os direitos humanos no continente.
Davis disse que os países não podem forçar as pessoas a tornarem-se tolerantes, mas podem promover o diálogo entre diferentes raças, religiões e etnias. O governo do Haiti, que depende muito de dinheiro do exterior, vindo de seus cidadãos que moram fora, e também de ajuda externa, afirmou que pode haver um forte aumento da xenofobia vinculada à crise, que também "aumenta o ódio contra os estrangeiros e especialmente contra os trabalhadores migrantes".
O vice-ministro de Relações Exteriores haitiano, Jacques Nixon Myrthil, disse que "o racismo e a discriminação estão longe de serem reduzidos e estão mesmo assumindo formas piores", ecoando a declaração de abertura da conferência, feita pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. As discussões foram mais focadas hoje, após nos dias anteriores as tensões no Oriente Médio dominarem a agenda.
Na segunda-feira, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, atacou Israel como o "regime mais cruel, repressivo e racista". Vários delegados europeus deixaram o local durante a fala de Ahmadinejad, em protesto. A ONU, os Estados Unidos e vários outros países condenaram o discurso. Washington, aliás, uniu-se a outros países e desistiu de enviar representantes à conferência, antecipando os ataques a Israel. Austrália, Canadá, Alemanha, Israel, Itália, Holanda, Nova Zelândia e Polônia também boicotaram o evento. Após a fala do líder iraniano, a República Checa também deixou a discussão.