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Desigualdade infantil aumenta em países ricos, diz Unicef

 | DANIEL MIHAILESCU/AFP
(Foto: DANIEL MIHAILESCU/AFP)

Educação, saúde, renda, satisfação com a vida: as crianças estão longe de ser iguais nos países ricos e as diferenças aumentam em vários deles entre as mais desfavorecidas e as demais, segundo um relatório da Unicef publicado nesta quinta-feira (14).

“Os avanços para reduzir as desigualdades de bem-estar entre as crianças são muito pequenos”, destaca o relatório do centro de investigação Innocenti da Unicef, que propõe uma classificação destas disparidades em 41 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da União Europeia.

Em muitos países, “a diferença aumentou entre as crianças mais desfavorecidas e seus pares desde os anos 2000”, ressalta este “Balance Innocenti 13” redigido por John Hudson e Stefan Kuhner, que descreve uma situação com tendências globais decepcionantes.

“Nenhum país conseguiu realmente reduzir a diferença em matéria de problemas de saúde apontados pelos menores” (dores de cabeça, nas costas, barriga, insônia...). As desigualdades inclusive se acentuaram em 25 países, com aumentos consideráveis na Irlanda, Malta, Polônia e Eslovênia.

Entre os adolescentes, “as disparidades entre os sexos estão disseminadas e são persistentes” em matéria de saúde e as meninas correm maior risco de serem deixadas de lado. Em dez países, essas disparidades aumentaram.

Na área da educação, “poucos países conseguiram reduzir ao mesmo tempo a diferença de êxito e o número de alunos com dificuldades de leitura”. Outrora exemplares, Finlândia e Suécia viram as desigualdades aumentarem e o nível de êxito cair.

Em todos os países da OCDE, os menores mais desfavorecidos sofrem um atraso equivalente a três anos de escolarização em leitura em relação à “criança média”. Em um país como a França, “a diferença entre os resultados dos alunos em função de seu meio social é muito importante”, segundo o documento.

Insatisfeitos com suas vidas

No Chile, México, Bulgária e Romênia, quase um quarto dos alunos de 15 anos carecem das aptidões e competências necessárias para resolver exercícios básicos de leitura, matemática e ciências, algo “particularmente alarmante” para a Unicef.

Consequência da crise, em 19 dos países examinados, entre eles Espanha, Grécia, Itália e Portugal, ou ainda México, Israel ou Japão, as crianças mais pobres não chegam à metade das receitas da criança média de seus países.

Quanto à diferença de “satisfação na vida”, aumentou em mais da metade dos países, sobretudo em Bélgica, Espanha e República Tcheca. Na Alemanha, Espanha, Estados Unidos, em Islândia, Irlanda e Itália, os filhos da imigração apontam um nível de satisfação com suas vidas menor que os outros.

E ainda há as meninas. Cerca de 30% das francesas de 15 anos se mostram insatisfeitas com suas vidas, contra 14% de meninos.

Boas notícias

No campo das boas notícias, as desigualdades na prática de uma atividade física e em matéria de maus costumes alimentares diminuíram na maioria dos países ricos.

Certos países com índices de handicap educacional mais altos (Chile, México, Romênia) registraram uma forte diminuição das diferenças de êxito e uma alta no nível geral de competências.

Os países bálticos, por sua vez, reduziram as desigualdades de satisfação das crianças em relação as suas vidas. Em outros, como Finlândia ou República Tcheca, a diferença de renda caiu entre 2008 e 2013.

O relatório se baseia nos dados mais recentes disponíveis, que variam segundo os países, de 2007 a 2014. Uma conferência organizada pela Unicef, “Mais igualdade para as crianças”, reúne nesta quinta-feira especialistas internacionais em Paris.

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