A prevenção do desmatamento e a promoção do reflorestamento são freqüentemente mencionadas como estratégias ao combate do aquecimento global. Porém um estudo publicado na edição desta semana da revista científica "PNAS" mostra que, diferentemente do que se sabia, o desmatamento em algumas áreas do mundo pode resfriar o clima da Terra, com base na análise da radiação solar no planeta.
Segundo os pesquisadores do Instituto Carnegie e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, a cobertura é escura em regiões de floresta boreal, que incluem o norte da Europa e ainda vastas áreas da Sibéria e do Canadá. Eles fizeram várias simulações dos efeitos de desmatamento no planeta, analisando a latitude das florestas e o clima de cada região, além da quantidade de gás carbônico emitido em cada área. Eles explicam na publicação que os trechos mais escuros da superfície terrestre absorvem mais luz solar e ficam mais quentes, como acontecem com os seres humanos quando usam roupas pretas debaixo do sol.
O estudo indica que uma estratégia de reflorestamento para diminuir o aquecimento global deve levar em consideração a capacidade das árvores de criar nuvens que contribuem para refletir o calor ou a absorvê-lo nas regiões mais frias.
Os autores do estudo fizeram um alerta: o desmatamento da floresta tropical, chamado de "refrigerador da Terra" pelos cientistas, é um dos principais fatores para o efeito estufa.
Os pesquisadores não defendem o desmatamento e reforçam que o principal objetivo é proteger o ecossistema. Eles analisaram efeitos positivos e negativos do desmatamento e também das coberturas florestais em uma série de latitudes para chegar aos resultados. "A preservação do ecossistema é o ideal para o combate do aquecimento global. Mesmo que as baixas temperaturas sejam produzidas pelo desmatamento fora dos trópicos, ele não deve ser levado como uma estratégia, pois florestas são valiosas em diversos aspectos, como para a biodiversidade do ecossistema e também para a economia", escreveram no resumo do estudo pulbicado na "PNAS".
