O impacto de medidas de combate ao desmatamento da Amazônia Legal anunciadas no ano passado e a atual crise econômica podem levar o nível de destruição da floresta a uma mínima histórica, embora isso ainda não seja suficiente para se chegar a níveis de devastação "administráveis", afirmou o pesquisador do Imazon Adalberto Veríssimo.
Dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostram uma queda de 82 por cento nos primeiros cinco meses do calendário anual de desmatamento, que vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte, na comparação com um ano antes.
Veríssimo, que coordena o programa Transparência Florestal do Imazon, prevê a manutenção da tendência de queda no desmatamento, registrada desde meados do ano passado.
"É uma combinação (entre crise e ações ambientais) que sugere que esse desmatamento deve se manter nos próximos meses em taxas baixas", disse Veríssimo. "Se a taxa de desmatamento se mantiver nesse ritmo, o Brasil pode ter o menor desmatamento da história, abaixo de 10 mil quilômetros quadrados (de agosto de 2008 a julho de 2009)".
Os efeitos da crise mundial têm sido sentidos nos setores agropecuário e madeireiro do país, frequentemente apontados como principais vilões do desmatamento da Amazônia.
Depois de registrar sucessivas quedas no desmatamento - de pouco mais de 27 mil quilômetros quadrados em 2003/2004 para cerca de 11.500 quilômetros quadrados em 2006/2007 - o ciclo de queda foi interrompido, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), se aproximando dos 12 mil quilômetros quadrados em 2007/2008.
Um aumento significativo na destruição da Amazônia registrado no fim de 2007, levou o governo a adotar medidas mais duras de combate à destruição florestal, como maior rigor na fiscalização e restrições ao financiamento a infratores ambientais.
Ainda no fim de 2008, ao anunciar o Plano Nacional sobre Mudanças do Clima, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que o país perseguirá uma meta de redução significativa do desmatamento, da ordem de 70 por cento até 2018.
"AGENDA ECONÔMICA"
Apesar da tendência de queda, Veríssimo considera o desmatamento da floresta ainda bastante elevado. "Temos que buscar o desmatamento zero, mas uma taxa administrável seria 2 mil ou 3 mil quilômetros quadrados anuais", disse.
"Uma taxa como a que temos tido, superior a 10 mil (quilômetros quadrados), é uma infecção generalizada", comparou.
Para se chegar a esse desmatamento apontado como "administrável", o pesquisador afirma que o governo federal precisa "manter a guarda" e não recuar de medidas como aumento da fiscalização e restrições ao financiamento a infratores ambientais.
"O que o governo não fez ainda foi criar uma agenda econômica positiva para a Amazônia. Criar uma economia que seja alternativa ao desmatamento", afirmou.
"Mas isso ainda não está no coração da (ministra-chefe da Casa Civil) Dilma (Rousseff), do (presidente) Lula e nem da área econômica (do governo)", lamentou.
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