As crianças estão entre as principais vítimas do desastre econômico promovido pelo chavismo na Venezuela. Relatórios recentes indicam que a desnutrição infantil é um problema registrado em todas as regiões do país, com a pandemia de Covid-19 agravando a crise humanitária sob o regime de Nicolás Maduro.
Uma pesquisa realizada pela Caritas da Venezuela, cujo relatório foi divulgado no mês passado, apontou que em 2021 um terço das crianças com menos de cinco anos nas localidades onde o levantamento foi feito apresentava quadros de desnutrição aguda ou estava em risco de chegar a essa situação.
Os casos foram detectados nas paróquias das dioceses de Caracas, San Fernando de Apure, Guasdualito, Ciudad Bolívar, Puerto Cabello, Los Teques, Acarigua, Machiques e Mérida. Segundo a Caritas, quadros de desnutrição aguda (moderada e grave) foram registrados entre 10,1% das crianças nessa faixa etária avaliadas.
A entidade destacou que esse patamar já ultrapassa os 10% que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera para estabelecer que uma localidade enfrenta uma crise de saúde pública.
O relatório da Caritas apontou ainda que 22% das crianças avaliadas estavam em risco de apresentar quadro de desnutrição aguda em curto prazo. “Juntos, os registros revelam que um terço das crianças nas paróquias avaliadas está em risco nutricional ou com dano nutricional já instalado”, apontou a entidade.
Outro relatório recente, publicado em março pela Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) e pela ONG Provea, destacou dados de 2020 que apontaram que 30% das crianças venezuelanas menores de cinco anos tinham atraso no crescimento, reflexo de anos de déficit nutricional nessa faixa etária.
No seu estudo, a Caritas apontou que mais de 25% das crianças menores de seis meses apresentaram atraso no crescimento, o que reflete também problemas de desnutrição materna.
A FIDH e a Provea citaram que, em seis anos, a Venezuela sofreu uma retração de mais de 80% de seu Produto Interno Bruto (PIB), “o que representa uma das contrações econômicas mais profundas fora de contextos de conflitos armados”.
Também houve a influência da hiperinflação, que num período de mais de três anos apresentou uma taxa média de 50% ao mês; em 2019, o índice interanual atingiu 39.113%.
“O resultado dessas condições econômicas foi o desenvolvimento de uma emergência humanitária complexa caracterizada por números impressionantes de pobreza, insegurança alimentar, desnutrição infantil e uma extensa onda migratória que expulsou quase 6 milhões de pessoas”, apontou o relatório, acrescentando que a pobreza atingiu 94,5% da população venezuelana em 2021.
As duas entidades destacaram que políticas públicas do regime chavista foram decisivas para que a desnutrição infantil atingisse patamares altíssimos: controles de preços, medidas de fiscalização e controle, “incluindo a criminalização de certos produtores e comerciantes, bem como a decisão do Estado de preferir o abastecimento por meio de importações em detrimento da produção nacional”, o que provocou escassez e insegurança alimentar.
“Tudo isso constitui uma violação por parte do Estado venezuelano em respeitar o acesso a uma alimentação adequada, uma vez que essas medidas e políticas públicas como um todo tiveram o efeito de dificultar o acesso aos alimentos para grande parte da população”, concluíram.
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