As esperanças da União Europeia (UE) de conquistar maior influência mundial dependiam nesta sexta-feira (2) da Irlanda, onde um referendo sobre o Tratado de Lisboa pode conduzir o bloco a uma crise se os eleitores o rejeitarem pela segunda vez.
Pesquisas de boca-de-urna em Dublin, onde vive cerca de um quarto da população da Irlanda, indicavam que o eleitorado estava propenso a ratificar o tratado, depois de tê-lo rejeitado em 2008. O resultado não será divulgado antes de sábado.
Depois de um início lento da votação, o comparecimento foi aumentando na capital à medida que as pessoas se dirigiam depois do trabalho às seções eleitorais, instaladas em escolas e bibliotecas públicas.
"As pesquisas, até agora, estão claramente indicando uma mudança na direção do "sim", especialmente nas áreas da classe trabalhadora e lugares centrais da cidade, que na vez anterior votaram com força no "não", disse à Reuters um dirigente do governista partido Fianna Fail.
A Europa conta com os 3 milhões de eleitores irlandeses para ratificar a Carta depois que a chocante rejeição da Irlanda no ano passado mergulhou em impasse as medidas para introdução do cargo de presidente com longo mandato e de um líder forte em política externa para a UE, que congrega quase meio bilhão de cidadãos.
Tradicionalmente, um comparecimento acima de 50 por cento é visto como favorável aos pró-europeus, mas as autoridades demonstraram cautela, lembrando que no plebiscito do ano passado, como também neste ano, há o risco de que as pessoas usem o voto para protestar contra um governo impopular.
A Irlanda é o único país em que o eleitorado tem de dar seu aval ao tratado. A maioria dos outros países já transformou a Carta em lei. Um "sim" irlandês irá pressionar os presidentes eurocéticos da Polônia e da República Checa a também ratificarem o tratado.
O presidente Lech Kaczynski, da Polônia, disse estar ansioso para ratificar a Carta se a Irlanda votar "sim", mas o presidente tcheco, Vaclav Klaus, deve demorar em dar seu aval porque 17 senadores entraram com uma ação constitucional contra o tratado.
Destinado a acelerar o processo decisório na UE, o Tratado de Lisboa tem de ser ratificado por todos os 27 membros do bloco para que possa entrar em vigor.
Criado para substituir a Constituição Europeia - rejeitada pelos eleitores da França e da Holanda em 2005 -, o objetivo do Tratado de Lisboa é instituir novos mecanismos de defesa e relações exteriores, além de criar um mandato de longo prazo para um presidente do Conselho Europeu. No entanto, antes de ser adotado, o tratado tem de ser aprovado por todos os 27 países que integram o bloco. Até o momento, 24 membros já ratificaram o texto.
Nenhum índice oficial de participação foi divulgado, mas a imprensa local indicou na noite desta sexta-feira que o número de eleitores foi inferior ao do ano passado na maioria das regiões
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