Manifestante segura um cartaz com críticas ao grupo terrorista Hamas durante um protesto a favor de Israel em Los Angeles, nos EUA| Foto: EFE/ETIENNE LAURENT
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Em 1988, o grupo terrorista palestino Hamas apresentou sua Carta de Princípios, um documento que delineia suas visões sobre a Palestina, Israel e o conflito entre ambos os países no Oriente Médio. Na Carta, o Hamas, que se considera uma “força de resistência”, destaca sua oposição ferrenha à existência do Estado de Israel e seu desejo pela criação de um Estado Islâmico da Palestina.

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“Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer, como fez desaparecer a todos aqueles que existiram anteriormente a ele”, diz um trecho do documento.

A Carta do Hamas ainda afirma que a Palestina “é uma terra islâmica” e que os judeus “não têm direito a ela”. Além disso, o grupo terrorista rejeita no documento qualquer negociação com Israel e defende a luta armada como sendo o “único meio de libertar a Palestina”.

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No capítulo três da Carta do Hamas, intitulado "Estratégia e Meios", o grupo terrorista reafirma sua visão sobre a Palestina, classificando-a como um “território sagrado” e um “legado hereditário” que é passado para “todas as gerações de muçulmanos”.

O grupo também aborda a ligação intrínseca entre o nacionalismo e o credo religioso islâmico, enfatizando que a “luta contra a usurpação do inimigo [Israel]” é um “dever pessoal de cada muçulmano”, que transcende as “barreiras de gênero e status social”.

Na Carta, o Hamas também reafirma sua postura intransigente em relação às soluções pacíficas e conferências internacionais para resolver a questão palestina. No documento, o grupo argumenta que “tais iniciativas contradizem os princípios do Movimento de Resistência Islâmica”, considerando a concessão de terras palestinas como “uma negligência à fé islâmica”.

O Hamas apela na Carta para a jihad (a guerra santa) como sendo a única solução viável para a causa palestina. Para o grupo terrorista, as conferências internacionais são meros “meios de dar poder aos ‘hereges’” e que elas não podem satisfazer as demandas dos palestinos. Ao citar versículos do Alcorão no documento, o Hamas rejeita as propostas de paz, qualificando-as como uma “farsa”, e reforça que a única solução para o problema na Palestina é a guerra.

O compromisso do Hamas com a jihad é citado na Carta por diversas vezes. Os terroristas ainda destacam no documento a necessidade de conscientização da fé islâmica, que deve ser feita por líderes religiosos, educadores e jovens. O principal objetivo dessa conscientização, segundo o documento, é promover o espírito da jihad nas massas.

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O grupo terrorista expressa também no documento sua convicção de que a jihad em prol de Alá é “superior a todo o mundo”.

Em outro trecho da Carta de 1988, o Hamas aborda a “estratégia” do seu inimigo (Israel), afirmando que ele controla a mídia global, promove “revoluções em escala internacional e cria organizações secretas para minar sociedades em favor de seus interesses sionistas”.

No mesmo trecho, o grupo terrorista afirma que seu inimigo esteve por trás das principais guerras mundiais, alegando que os israelenses arquitetaram tanto a Primeira quanto a Segunda Guerra Mundial - onde 6 milhões de judeus foram mortos - visando ganhos materiais e o estabelecimento de um Estado.

O Hamas cita na Carta que todas as potências mundiais apoiam o seu inimigo e por isso o movimento de resistência islâmica não pode parar.

“As potências colonialistas, tanto do ocidente como do oriente, apoiam o inimigo com toda a sua força, seja materialmente seja com mão de obra, alternando um ou outro. Quando o Islã aparece, todas as forças dos infiéis se unem em oposição, porque todos os infiéis constituem uma só dominação”, diz a Carta.

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Relações com outros países e grupos islâmicos

No capítulo quatro da Carta de 1988, intitulado "Nosso Posicionamento", o grupo terrorista Hamas expressa sua visão em relação aos diferentes atores na arena política e ideológica. No que diz respeito aos outros movimentos islâmicos, o artigo 23 da Carta enfatiza “o respeito e apreço, mesmo que haja divergências em alguns aspectos”.

Ainda neste capítulo, o Hamas destaca o seu apoio aos demais movimentos palestinos, desde que estes “não prestem obediência às entidades estrangeiras”. A Carta ainda aborda a relação do Hamas com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cujo atual líder é Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, afirmando que a união entre os dois grupos é fundamental para fortalecer a luta contra o “inimigo comum”.

O texto da Carta condena Israel, e acusa o país de realizar uma “invasão sionista” com métodos cruéis na Palestina. O Hamas também pede no documento que os países árabes vizinhos apoiem sua guerra contra os israelenses.

No artigo 32 de sua Carta, o Hamas destaca as tentativas do que classifica como um “sionismo mundial” e das “potências colonialistas” de “isolar o povo palestino, utilizando manobras para afastar os países árabes do conflito” contra Israel. O grupo terrorista afirma que os países árabes que não apoiam sua causa estão cometendo um crime de “alta traição ao islã”.

Ao finalizar sua Carta, o Hamas reitera seu compromisso com a guerra contra Israel, enfatizando que não “busca fama, ganhos materiais ou status social”. O grupo terrorista destaca no documento que sua missão é exclusivamente “voltada para a defesa do povo palestino e a luta contra o inimigo sionista [Israel]”, e que o grupo se compromete em oferecer ajuda a “todos os grupos e organizações que compartilham o objetivo de combater o sionismo”.

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Estado islâmico palestino

Nesta terça-feira (10), o jornal britânico The Guardian revisitou uma entrevista realizada por sua equipe em 1988 com Ahmed Yassin, um dos fundadores do Hamas.

Nela, Yassin reafirmou os princípios da Carta do Hamas, pontuando que a guerra contra Israel está “intrinsicamente ligada ao objetivo de se conquistar um estado islâmico palestino”.

"Não basta ter um estado na Cisjordânia e [outro em] Gaza", disse Yassin, que morreu em 2004. "A melhor solução é permitir que todos - cristãos, judeus e muçulmanos - vivam na Palestina, em um estado islâmico", afirmou ele na entrevista.

Yassin foi morto quando tinha 67 anos em um ataque de helicópteros liderado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).

O governo israelense afirma que Yassin autorizou diretamente o Hamas a realizar uma série de atentados suicidas que causaram a morte de centenas de pessoas inocentes em seu território.

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Entre os ataques estão o atentado em Tel Aviv de 2001, onde 21 jovens morreram e 120 pessoas ficaram feridas; o atentado contra um hotel em Israel no ano de 2002, onde 30 pessoas morreram e 140 ficaram feridas; e o atentando contra um ônibus público em Jerusalém, ocorrido também em 2002, que vitimou 19 pessoas e deixou outras 74 feridas.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]