O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, anunciou no domingo (27) uma série de medidas para tentar aliviar os impactos da desvalorização de 22% do peso no poder de compra.
A desvalorização da moeda argentina foi promovida pela gestão do presidente Alberto Fernández no último dia 14, após a vitória do libertário Javier Milei nas primárias presidenciais argentinas.
As medidas anunciadas pelo ministro, que é o candidato peronista para a eleição presidencial de outubro, incluem o pagamento de bônus para aposentados e pensionistas em setembro, outubro e novembro; condições de crédito facilitadas; aumentos nos repasses do programa Cartão Alimentar; incentivos tributários para empresas; estímulo às exportações e produção agrícola; entre outras.
Massa declarou que a recente desvalorização do peso argentino foi “forçada” pelo acordo do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e esta alteração no câmbio já está acelerando o ritmo inflacionário na Argentina.
Consultores privados ouvidos pelo Clarín acreditam que a inflação mensal vai ficar em torno de 14% em agosto, o que representaria a maior alta desde fevereiro de 1991. Em julho, antes da desvalorização do peso, os preços ao consumidor cresceram 6,3% em relação a junho.
A consultoria EcoGo apontou ao Clarín que, desde a alta do dólar promovida pelo peronismo na semana retrasada, vários produtos alimentícios tiveram fortes aumentos de preço, como carne (12%), frutas (11,7%), biscoitos (9,3%), pães frescos (8%) e batata (4,1%).
“Este salto ou pico não pode ser atribuído 100% à dinâmica inflacionária, mas em grande parte à desvalorização; os ajustes da desvalorização se somam a uma inércia que [já] era alta”, disse Matías De Luca, economista da consultoria LCG.
A inflação, que ficou em 113,4% em julho no acumulado em 12 meses, deve fechar 2023 acima dos 170%, projetam analistas consultados pela imprensa argentina.
Diante da inflação descontrolada, “bondades” distribuídas pelo Estado têm efeito limitado e a tendência é que a pobreza argentina aumente ainda mais este ano.
O último levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) mostrou que 39,2% dos argentinos viviam na pobreza no segundo semestre de 2022. Este ano, o patamar deve superar os 42%, segundo projeções.
O Abono Universal por Filho (AUH, na sigla em espanhol), criado na Argentina em 2009, é um exemplo de como a inflação corrói o poder de compra dos benefícios sociais no país e acaba levando a mais pobreza.
Segundo uma análise da consultoria Analytica publicada pelo jornal La Gaceta, logo que foi implantado, há 14 anos, o AUH cobria 80% da cesta básica necessária para uma criança. Hoje, o benefício atende apenas 26% dessas necessidades.
“Não resolver o drama inflacionário é letal para as crianças mais vulneráveis. Estabilizar [os preços] é socialmente progressivo: não há nada mais regressivo do que esta inflação”, afirmou o economista Ricardo Delgado ao jornal.
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