A deterioração ambiental pode levar cerca de 50 milhões de pessoas a deixar suas casas até 2010, e o mundo precisa definir uma nova categoria de "refugiado ambiental", diz um estudo da ONU divulgado nesta terça-feira.
Desertificação, elevação dos níveis dos mares, inundações e tempestades ligadas às mudanças climáticas podem deslocar centenas de milhões de pessoas, segundo relatório do Instituto para o Meio Ambiente e a Segurança Humana da Universidade da ONU.
- Estamos dando um alarme científico e político - disse Janos Bogardi, chefe do instituto, com sede em Bonn, Alemanha. - É preciso agir.
Ele disse que a estimativa de 50 milhões de refugiados ambientais - o equivalente à população da Ucrânia ou da Itália -, em alguns aspectos, o pior cenário e exigiria bilhões de dólares em ajuda adicional.
Bogardi estima que cerca de 20 milhões de pessoas já deixaram suas regiões de origem por problemas ligados ao ambiente, que vão da erosão das terras agrícolas à poluição daágua.
- Esses problemas já afetaram milhões de pessoas na África subsaariana, Índia e Ásia - afirmou.
O instituto defendeu a aceitação da idéia de que os refugiados ambientais -- pessoas deslocadas pela degradação ambiental - tenham direito a alimento, ferramentas, abrigo, cuidados médicos e verbas, como acontece com os refugiados políticos que fogem de guerras ou opressão em seus países.
Bogardi disse que as vítimas das catástrofes ambientais que se desenvolvem lentamente muitas vezes não são reconhecidas como tais, pois considera-se que elas migrem por razões puramente econômicas.
Entre as ameaças destaca-se o deserto de Gobi, na China, que aumenta 10 mil quilômetros quadrados por ano. A ilha de Tuvalu, no Oceano Pacífico, fechou um acordo com a Nova Zelândia para aceitar seus 11.600 habitantes em caso de elevação dos mares.
- Trata-se de uma questão altamente complexa, e as organizações globais já estão esgotadas pelas demandas dos refugiados reconhecidos como tais - disse Hans van Ginkel, subsecretário-geral da ONU e reitor da Universidade da ONU, segundo o relatório. - Devemos, porém, nos preparar agora para definir, aceitar e acomodar essa nova espécie de refugiado.
Os americanos que fugiram do centro-sul dos EUA na década de 30 devido a uma grande seca, por exemplo, foram empurrados por um misto de degradação ambiental e pobreza causado pela quebra de suas colheitas.
Os custos com os refugiados ambientais podem ser enormes.
A agência de refugiados da ONU, UNHCR, estima ter ajudado 50 milhões de refugiados convencionais a reiniciar suas vidas desde que começou a funcionar, em 1950.
Para 2005, recebeu fundos de cerca de US$ 980 milhões, principalmente de governos.
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