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Terrorismo

Detido na França o atual líder máximo do ETA

Mikel Irastorza foi preso perto da fronteira entre a França e a Espanha e estava foragido desde 2008. | Gaizka Iroz/AFP
Mikel Irastorza foi preso perto da fronteira entre a França e a Espanha e estava foragido desde 2008. (Foto: Gaizka Iroz/AFP)

A organização separatista basca ETA sofreu neste sábado um duro revés com a detenção, no sul da França, de Mikel Irastorza, considerado o atual líder máximo do grupo armado. Irastorza, que permanecia foragido da Justiça, foi detido na região francesa de Ascain, no Departamento dos Pirineus Atlânticos, perto da fronteira com a Espanha, informou o Ministério do Interior espanhol em um comunicado.

Segundo o ministério, Irastorza, “foragido desde 2008, exercia a responsabilidade máxima na organização terrorista ETA e ditava as diretrizes que deveriam ser seguidas por todas as estruturas que a compunham”. O homem foi detido “no interior de uma casa” durante um dispositivo dirigido “contra a estrutura da direção do ETA”. A operação “continua aberta e não estão descartadas novas detenções”, acrescentou o texto.

Irastorza, 41 anos, originário da cidade espanhola de San Sebastián (norte), dirigia o aparato político do grupo separatista, explica Madri. O casal que o alojava, o espanhol Xabi Arin Baztarica e a francesa Denise Arin, também foi detido. Baztarica, 59 anos, é um basco instalado há tempos no País Basco francês, onde trabalhava como diretor em uma empresa de móveis em Hendaya. Denise tem 56 anos.

A operação foi realizada de forma conjunta pela Direção Geral de Segurança Interior (DGSI) francesa e pela Guarda Civil espanhola, afirma o comunicado do ministério. A detenção é “um duro golpe nas estruturas do ETA”, insiste Madri, porque representa “a eliminação de sua estrutura de direção, encarregada de dirigir a gestão do arsenal armamentístico e explosivo”.

Duzentos manifestantes se concentraram à tarde em Ascain para protestar contra a operação policial, atendendo ao chamado de vários movimentos nacionalistas bascos. Poucas horas após a prisão, o novo ministro do Interior, nomeado na quinta-feira, Juan Ignacio Zoido, declarou à imprensa que até “que a entrega definitiva das armas e a dissolução do grupo terrorista ocorra, seguiremos a partir do governo da Espanha lutando contra o terrorismo”.

As detenções foram realizadas sob a autoridade da Procuradoria antiterrorista de Paris e os três suspeitos precisam ser levados à capital francesa para serem apresentados ante um magistrado deste órgão. Na sexta-feira, foi aberta uma investigação preliminar por “associação de malfeitores com fins terroristas”.

Enfraquecimento

O ETA, fundado em 1959, é considerado responsável pela morte de ao menos 800 pessoas em mais de 40 anos de luta armada pela independência do País Basco e de Navarra. Nos anos 1970-1980, comandos parapoliciais criados pelo governo espanhol, como os Grupos Antiterroristas de Libertação (GAL), travaram uma guerra suja contra o grupo armado.

Em 2010, o ETA anunciou o fim dos atentados e um ano depois renunciou à luta armada, mas se negou a entregar as armas e a se dissolver, como exigem os governos espanhol e francês. No dia 12 de outubro, França e Espanha anunciaram o desmantelamento de um esconderijo com armas do ETA em Carlepont, 120 quilômetros ao norte de Paris.

Em um comunicado com data de 18 de outubro, o ETA acusou Espanha e França de não querer “buscar soluções razoáveis” para a paz no País Basco. Sua capacidade operacional estaria bastante reduzida, após anos de ações policiais em ambos os lados da fronteira franco-espanhola e depois de perder parte do apoio na sociedade basca. A grande maioria de seus membros está presa, com 400 detidos, 90 deles na França. Apenas 20 seguem foragidos, segundo as forças antiterroristas espanholas e francesas.

Arnaldo Otegi, ex-membro do ETA e agora um firme defensor da independência pela via política, é o principal dirigente do atual movimento nacionalista basco espanhol Sortu. Otegi foi posto em liberdade em março de 2016 depois de mais de seis anos de prisão por ter tentado refundar o partido basco Batasuna, braço político do ETA, transformado em organização ilegal.

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