Bagdá Um segundo funcionário do Ministério da Justiça do Iraque foi detido como conseqüência da investigação sobre o vídeo clandestino do enforcamento do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, anunciou ontem um deputado xiita ligado ao premier Nouri Al Maliki.
"Duas pessoas foram detidas e estão sendo interrogadas no momento, como parte da investigação. São dois funcionários do Ministério da Justiça que assistiram em 30 de dezembro à execução de Saddam Hussein", afirmou Sami al Askari. Um porta-voz do premier anunciou ontem a detenção de um guarda presente à execução.
De acordo com Askari, não foi apresentada nenhuma acusação contra os dois homens detidos até o momento. Ele não explicou se os funcionários são suspeitos de terem filmado de maneira ilegal a execução de Saddam Hussein ou de terem insultado e provocado o ex-ditador sunita.
Também ontem, Baha al Araji outro deputado ligado à Al Maliki afirmou que as execuções de Barzan al Tikriti, meio-irmão de Saddam e ex-chefe dos serviços secretos, e do ex-presidente da Corte Revolucionária Awad al Bandar, foram adiadas para domingo. Estava previsto que os dois homens fossem enforcados na madrugada de ontem, já depois de um adiamento definido no sábado, com o objetivo de que Saddam fosse executado sozinho, como ocorreu.
Os três réus foram condenados à sentença de morte em 5 de novembro pelas mortes de 148 xiitas da cidade de Dujail, após uma tentativa de assassinato contra Saddam na década de 80.
A apelação ao veredicto foi rejeitada no dia 26 de dezembro pela corte de apelações do Alto Tribunal Penal iraquiano.
Protestos
Policiais utilizaram balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar centenas de pessoas que queimaram bandeiras dos Estados Unidos para protestar contra a execução de Saddam na região indiana da Caxemira.
Entoando o coro "Abaixo a América", cerca de 300 pessoas atiraram pedras contra policiais que tentavam impedir a manifestação, ocorrida no distrito de Nowhatta, em Srinagar.
Em Nova Délhi, também na Índia, o muçulmano Mohammad Chant subiu em uma torre de alta tensão para protestar contra a execução de Saddam e só saiu de lá após a interferência da polícia.
Na quarta-feira, na maior manifestação pró-Saddam desde o enforcamento do ditador, cerca de 2.500 pessoas fizeram um protesto na Jordânia em que criticaram o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, classificado pelos presentes como ignóbil. "Vamos esmagar sua cabeça com nossas botas", gritavam os manifestantes.
Na Argélia, outras ações de apoio a Saddam foram realizadas. O governo ordenou que em todas as mesquitas do país fossem realizadas preces pelo descanso da alma do ex-ditador iraquiano, executado no início da festividade de Eid al Adha, cerimônia do sacrifício, em que os fiéis sacrificam um animal camelo, vaca ou, geralmente, carneiro e distribuem a carne aos pobres.
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