A polícia alemã anunciou nesta quinta-feira (4) a detenção de três argelinos por supostos vínculos com o grupo Estado Islâmico (EI), após uma grande operação em centros de refugiados onde alguns dos suspeitos viviam.
A procuradoria de Berlim informou que um casal de argelinos que vivia em um centro para refugiados em Attendorn, na Renânia do Norte-Westfália, a 80 km de Colônia, foi preso após receber uma ordem de detenção de seu país de origem por suspeitas de pertencer ao EI.
Ajuda aos refugiados
A chefe do governo alemão, Angela Merkel, anunciou nesta quinta-feira em Londres que seu país dará 2,3 bilhões de euros para ajudar a resolver a situação dos milhões de refugiados sírios.
Este valor é o montante alemão até 2018, para “garantir que não cheguemos a uma situação na qual a comida aos refugiados seja reduzida”, disse à televisão alemã Merkel, que participa de uma conferência de países doadores da Síria que é realizada em Londres.
“Espero que este seja um dia bom para as pessoas que vivem com este sofrimento”, acrescentou a líder alemã.
“Penso que a Alemanha cumpriu com sua parte para lutar contra as causas da fuga (dos refugiados) e para melhorar a situação humanitária na Síria e nos países vizinhos, no Líbano e na Jordânia”, estimou.
Além disso, o Reino Unido, anfitrião da conferência, prometeu 1,575 bilhão de euros. A reunião de Londres pretende acumular 9 bilhões de dólares.
O encontro anterior, em 2015, buscava obter 8,8 bilhões de dólares, mas apenas 3,3 bilhões foram recebidos.
Um total de 4,6 milhões de sírios fugiram a países vizinhos (Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito) enquanto centenas de milhares chegaram à Europa colocando sua vida em risco na travessia do Mediterrâneo.
O marido é acusado de ter recebido formação militar na Síria.
Um total de 450 policiais, alguns deles das unidades especiais, foram mobilizados nesta ampla operação, segundo um porta-voz policial.
Em Berlim, as autoridades prenderam outro argelino acusado de confeccionar documentos falsos, enquanto outras duas pessoas detidas foram libertadas. “Trabalhamos bem com nossos colegas na Renânia do Norte-Westfália e Baixa Saxônia (...). Os centros de refugiados (nestas regiões), onde os suspeitos viviam, foram vasculhados”, afirmou.
A Alemanha acolheu no ano passado cerca de 1,1 milhão de refugiados, 430.000 dos quais são sírios que fogem da guerra civil em seu país. Esta política de acolhida fez a chanceler Angela Merkel ser cada vez mais criticada.
Preparação de ato grave
As autoridades indicaram durante o dia que os detidos estariam preparando “um ato grave que ameaça a segurança do Estado”.
Na capital alemã, as operações foram realizadas em quatro apartamentos e dois locais de trabalho.
Uma operação em Berlim foi realizada no bairro de Kreuzberg. Um fotógrafo da AFP viu um homem, com o rosto escondido em uma toalha, ser conduzido a um veículo das forças de segurança a partir de um imóvel que foi alvo de uma operação.
Segundo a agência DPA, um dos argelinos mantinha contato com islamitas radicais na Bélgica e havia viajado ao menos uma vez ao bairro de Molenbeek, em Bruxelas, onde residiram alguns dos autores dos atentados de novembro em Paris.
Desde os atentados de 13 de novembro, em Paris, as autoridades alemãs indicaram várias vezes que a Alemanha também está ameaçada por ataques islamitas.
Alguns responsáveis também advertiram para o risco de que os jihadistas se misturem com o enorme fluxo de refugiados que se encaminham à Alemanha, procedentes de zonas de guerra como Síria e Iraque.
Dois dos suicidas que detonaram seus explosivos no dia 13 de novembro nos arredores do Stade de France, perto de Paris, teriam se infiltrado - segundo a investigação - no fluxo de migrantes, utilizando passaportes sírios com identidades falsas.
As detenções desta quinta-feira ocorrem num momento em que o oeste do país, em especial a Renânia do Norte-Westfália, vive em plena época de carnaval, que começa nesta quinta-feira. Milhares de pessoas fantasiadas são esperadas nas ruas, em particular em Colônia.
Neste ano o carnaval é realizado sob fortes medidas de segurança, após a onda de agressões sexuais em Colônia na noite de Ano Novo, atribuídas pela polícia a migrantes procedentes principalmente do norte da África.
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