O número de mortes provocadas neste domingo (29) pelo impacto de um foguete contra uma casa em Cabul, no Afeganistão, aumentou para dez. As vítimas, com idades entre dois e 40 anos, faziam parte da mesma família estendida.
Familiares dos mortos disseram a diversos veículos da imprensa internacional que as mortes foram causadas pelo ataque por drone dos Estados Unidos contra alvos do grupo terrorista Estado Islâmico no domingo.
Vizinhos e parentes disseram ao New York Times que o ataque matou dez pessoas, incluindo sete crianças, um funcionário de organização humanitária americana e um contratado das forças armadas dos EUA.
As testemunhas relataram que algumas das crianças e Zemari Ahmadi, que trabalhava para uma organização americana, morreram dentro do carro, enquanto outros foram atingidos em cômodos da casa. Uma filha de Ahmadi, de 21 anos, sobreviveu e disse que viu toda a cena trágica que resultou da explosão.
Aimal Ahmadi, que perdeu irmão, sobrinhas e sobrinhos no incidente, falou à Al Jazeera sobre sua indignação por ter ouvido a imprensa internacional, na maior parte do dia de ontem, referindo-se a sua família como supostos membros do Estado Islâmico. "Eram crianças inocentes", disse Ahmadi, que havia saído para fazer compras no momento da explosão.
Ele contou que a família se preparava para ir aos EUA, e seu irmão, um engenheiro de 40 anos que acabava de chegar do trabalho, estava ensinando um dos filhos a dirigir. Enquanto o rapaz praticava a direção guiando o carro da rua em frente à sua casa até a garagem, várias das crianças entraram no veículo. Foi nesse momento que houve a explosão que destruiu o carro.
O Pentágono admitiu que civis afegãos podem ter morrido durante o ataque e afirmou que está investigando o caso, indicando que as mortes poderiam ser resultado da detonação de explosivos no interior do veículo que foi alvo dos drones. Segundo o Comando Central dos EUA, o ataque destruiu um veículo que representava uma "ameaça iminente" contra o aeroporto de Cabul.
Esse foi o segundo ataque por drones feito pelos EUA em resposta aos atentados que mataram dezenas de pessoas no aeroporto de Cabul na última quinta-feira.
Em comunicado, um porta-voz do Comando disse que as forças estavam "cientes dos relatos sobre mortes civis" após o seu ataque contra o veículo em Cabul, acrescentando que ficariam "profundamente entristecidos com qualquer potencial perda de vida inocente".
"Ainda estamos avaliando os resultados desse ataque, que sabemos que interrompeu uma ameaça iminente do EI-K ao aeroporto. Sabemos que ocorreram explosões subsequentes poderosas resultantes da destruição do veículo, indicando que havia uma grande quantidade de material explosivo no seu interior que pode ter causado baixas adicionais. Ainda não está claro o que aconteceu, e estamos investigando", afirma o comunicado mais recente do Comando Central, publicado ainda no domingo.
Já a Agência EFE consultou várias fontes do Talibã que apontaram que os civis foram vítimas do disparo de um projétil que tinha como alvo o aeroporto de Cabul. Os talibãs ainda garantiram que a ação não tem qualquer relação com o ataque feito com um drone pelos Estados Unidos contra um veículo em que, supostamente, estava um integrante do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Nesta segunda-feira, foguetes foram lançados contra o aeroporto de Cabul, com alguns sendo interceptados por sistema de defesa antimísseis, enquanto as forças lideradas pelos EUA correm para finalizar a operação de evacuação antes do fim do prazo, na terça-feira. O Estado Islâmico reivindicou a autoria desses ataques.