Além de uma forte reação na comunidade LGBT, o anúncio do presidente americano Donald Trump sobre a proibição de transgêneros nas Forças Armadas do país, nesta quarta-feira (26), provocou preocupação em quem acompanhava a decisão pelo Twitter. Isso porque as primeiras mensagens do presidente foram postadas com nove minutos de diferença uma da outra. Esse intervalo de tempo abriu brecha para especulações, inclusive no Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
“Depois de consultar meus generais e peritos militares, informo que o governo dos Estados Unidos não irá aceitar ou permitir que...”, escreveu Trump no primeiro tweet, seguido de um suspense. O receio no Pentágono, segundo apurou o BuzzFeed News, era de que Trump anunciaria, na sequência, um ataque à Coréia do Norte ou outra intervenção militar. O país asiático já ameaçou, inclusive, lançar um ataque nuclear no coração dos Estados Unidos, caso os americanos tentem intervir para mudar o regime político de Kim Jong Um.
No entanto, o que veio em seguida, de Trump, foi: “indivíduos transgênero sirvam em qualquer competência das Forças Armadas do país. Nossos militares devem estar focados na vitória decisiva e esmagadora e não podem ficar sobrecarregados com os tremendos custos médicos e a interrupção que o transgênero militar poderia envolver. Obrigado”.
Sem comunicação oficial
Como o secretário de Defesa, Jim Mattis, está de férias nesta semana, foi só depois do segundo Tweet, que as autoridades militares receberam a notícia de que o presidente estava revogando uma política de inclusão de transgêneros nas Forças Armadas. Oficiais de defesa dizem que Mattis sabia da mudança que Trump anunciou, mas não sabem, ao certo, se ele teria aprovado a medida. A forma como a decisão se tornou pública, por meio das redes sociais e não por comunicados oficiais dentro do departamento, também causou mal-estar no Pentágono, conforme os oficiais ouvidos pelo BuzzFeed News.
Em 2016, os EUA chegaram a anunciar o fim da proibição de recrutamento de transgêneros, ainda no governo de Barack Obama. Estima-se que entre 2,5 mil e 7 mil transgêneros sirvam nas Forças Armadas do país. Ainda não se sabe como ficará a situação dos militares que estão ativos.