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Ásia Central

Dezenas de manifestantes e 13 policiais morrem em protestos no Cazaquistão

Militares russos embarcam em aeronave militar para o Cazaquistão. Forças da aliança militar de ex-repúblicas soviéticas foram enviadas ao país para estabilizar a situação em meio a protestos violentos (Foto: EFE/EPA/RUSSIAN DEFENCE MINISTRY PRESS SERVICE)

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Dezenas de manifestantes foram mortos por forças de segurança durante protestos e ataques a prédios governamentais do Cazaquistão e pelo menos 13 policiais morreram, incluindo dois que foram decapitados, disseram autoridades nesta quinta-feira. Os protestos começaram no fim de semana, motivados pela alta do preço de combustíveis, e levaram à renúncia dos ministros do governo do país da Ásia Central.

Os manifestantes tentaram invadir edifícios durante a noite de quarta-feira em Almaty, maior cidade do país. Falando à televisão estatal, uma porta-voz da polícia local informou que "dúzias de invasores foram mortos" pela polícia, segundo agências internacionais de notícias, que não puderam confirmar as informações de forma independente.

O canal de notícias estatal afirmou que 13 policiais foram mortos e outros 353 ficaram feridos nos confrontos. Mais de 2 mil manifestantes foram presos, segundo as autoridades.

Nesta quinta-feira, a Rússia enviou paraquedistas para conter os protestos violentos na ex-república soviética. O envio é parte da intervenção descrita como uma missão de manutenção de paz da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma aliança militar entre Rússia, Belarus, Armênia, Quirguistão, Tadjiquistão e Cazaquistão.

Um comunicado do grupo, que é a versão da Rússia para a Otan, afirma que a missão ocorrerá por tempo limitado e tem o objetivo de proteger prédios governamentais e instalações militares. Essa é a primeira vez na história da aliança, fundada em 1992, que essa cláusula de proteção é ativada.

Na quarta-feira, a residência presidencial e a sede da prefeitura de Almaty foram incendiadas. As informações sobre a situação na região nesta quinta-feira são escassas, devido ao bloqueio da internet promovido pelo governo. Mas correspondentes da Reuters na cidade cazaque relataram nesta tarde uma forte presença militar no aeroporto local, que mais cedo tinha sido tomado por manifestantes. As ruas estavam cheias de carros queimados.

Os jornalistas informaram ainda que veículos blindados e uma grande quantidade de militares chegaram à praça central de Almaty, e que tiros foram ouvidos quando as tropas se aproximaram da multidão.

Testemunhas relataram ao site de notícias RadioFreeEurope uma explosão e tiroteios perto de uma praça central em Almaty nesta quinta-feira, após o envio de tropas russas à região. Segundo os relatos, que não puderam ser confirmados, pessoas morreram no incidente.

Rússia fala em interferência externa

O governo da Rússia disse que os distúrbios ocorridos nos últimos dias no Cazaquistão, desde o anúncio de um aumento nos preços do gás liquefeito, são uma tentativa "inspirada externamente" de minar a integridade do país euroasiático, e defendeu o envolvimento das forças da OTSC no processo de "pacificar" os protestos.

"Vemos os últimos eventos neste país amigo como uma tentativa inspirada a partir do exterior de minar violentamente a segurança e a integridade do Estado com a participação de grupos armados, preparados e organizados", afirmou o Ministério das Relações Exteriores russo em comunicado.

Na nota, a Rússia também disse que o Conselho de Segurança da OTSC tomou a decisão de enviar "forças de manutenção da paz" ao Cazaquistão por um "período de tempo" limitado a fim de "estabilizar e normalizar a situação no país".

O Ministério das Relações Exteriores apelou para o artigo 4 do Acordo de Segurança Coletiva da OTSC, que estabelece que todos os países da aliança se comprometem a fornecer "assistência imediata", incluindo ajuda militar, a pedido de qualquer membro cuja segurança seja comprometida em caso de agressão armada.

"A Rússia confirmou sua adesão aos compromissos da aliança no âmbito da OTSC, aprovou a adoção de medidas que não podem ser adiadas devido à rápida degradação da situação política interna e ao crescimento da violência no Cazaquistão", afirma o comunicado.

O presidente do Cazaquistão, Kasim-Yomart Tokayev, pediu na noite de quarta-feira à OTSC para ajudar a pôr um fim aos distúrbios, que ele descreveu como uma "ameaça terrorista".

De acordo com o político, "gangues terroristas" haviam se rebelado em várias cidades do Cazaquistão, particularmente em Almaty, a maior do país, onde manifestantes atacaram vários edifícios do governo, incluindo a sede da prefeitura, a residência local do presidente e o aeroporto.

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