Dezenas de milhares de pessoas voltaram a protestar neste domingo (12) na Praça da Independência, em Kiev, capital da Ucrânia, para exigir a renúncia do primeiro-ministro Nikolai Azarov e a convocação de eleições antecipadas, tanto parlamentares como presidenciais.
Quase dois meses depois do início do movimento em todo o país contra o presidente Viktor Yanukovich e a favor da integração na União Europeia, os manifestantes não desistem de suas exigências e reúnem todos os fins de semana milhares de pessoas no centro da capital.
As forças antidistúrbios, que neste sábado (11) entraram em confronto com um grupo de opositores no bairro de Sviatoshinski, bloqueiam com caminhões e ônibus os acessos aos edifícios administrativos, entre eles o parlamento e a sede do governo, no chamado "quarteirão governamental" de Kiev.
Um grupo de ativistas seguiu em carreata à residência do presidente ucraniano, nos arredores de Kiev. A cantora ucraniana Ruslana, ganhadora do premio musical Eurovision em 2004, subiu ao palco montado há 53 dias na Praça da Independência para apoiar as reivindicações da oposição ao governo e pedir aos sindicatos que organizem uma greve geral no país.
"Cada dia no Maidan (praça, em ucraniano, em alusão ao movimento e ao lugar dos protestos) é um passo rumo a nossa vitória", exclamou por sua vez um dos líderes mais populares da oposição, o campeão mundial de boxe na categoria peso-pesado Vitali Klitshko.
Por sua vez, Arseni Yatshenuk, atual líder do partido Batkivshina (Pátria), principal legenda da oposição no parlamento e presidido pela ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko - que está na prisão -, exigiu a retirada do projeto de orçamento apresentado pelo governo.
Ele também reiterou a já histórica exigência de sua legenda para que Tymoshenko seja libertada e lembrou que a oposição ucraniana "tem o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia".
Ações violentas
Enquanto isso, o opositor e ex-ministro do Interior, Yuri Lutsenko, segue internado em um hospital, com um traumatismo craniano e uma comoção cerebral, após ter sido espancado pela polícia na madrugada de sábado (11).
Aparentemente, Lutsenko foi brutalmente golpeado por policiais quando tentava mediar um confronto entre as forças de segurança e os opositores em frente a um tribunal da capital ucraniana.
A Procuradoria de Kiev abriu uma investigação penal sobre o espancamento do político, que passou mais de dois anos na prisão condenado por vários crimes financeiros e considerado então como preso político por alguns países ocidentais e defensores dos direitos humanos. Lutsenko, que sempre alegou inocência, recebeu indulto em abril do ano passado.
Sua detenção, em dezembro de 2010, foi qualificada como uma violação dos direitos humanos pelo Tribunal de Estrasburgo.
Os protestos populares que percorrem desde o final de novembro toda a Ucrânia começaram após a recusa de Yanukovich a assinar o Acordo de Associação com a União Europeia.
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