Dezenas de milhares de pessoas realizaram uma grande manifestação em Nova Délhi, nesta quarta-feira, apoiando a greve de fome do ativista anticorrupção Anna Hazare. Organizadores estimaram entre 60 mil e 70 mil o número de pessoas marchando no centro da cidade indiana. Já policiais não quiseram dar um número mais preciso, porém confirmaram que dezenas de milhares de pessoas estavam no local. Também houve manifestações em outras cidades do país.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, criticou nesta quarta-feira a greve de fome de Hazare, qualificando-a como "equivocada" e com a intenção deliberada de buscar confrontação. "O caminho que ele escolheu...é uma linha totalmente errada", disse Singh durante discurso ao Parlamento. A fala dele foi interrompida por vários gritos de "vergonha" vindos de membros da oposição.
Singh defendeu a decisão da polícia de evitar um protesto marcado por Hazare prendendo o ativista. A ação policial acabou sendo o estopim do protesto contra o governo e a corrupção no país.
Hazare previa começar uma greve de fome na última terça-feira, em um parque na capital indiana, para pressionar pela criação de um cargo ainda mais poderoso de ombudsman anticorrupção do que o previsto em uma lei que tramita no Parlamento.
"Nosso governo não busca nenhuma confrontação com qualquer parte da sociedade", afirmou Singh no Parlamento. "Porém quando alguns setores da sociedade deliberadamente desafiam a autoridade do governo...é dever sagrado do governo manter a paz e a tranquilidade."
"Anna Hazare pode estar inspirado por grandes ideais em sua campanha", disse Singh. "Porém o caminho que ele escolheu para impor seu projeto da lei ao Parlamento é totalmente incorreto e repleto de graves consequências para nossa democracia parlamentar", avaliou o premiê.
Arun Jaitley, político do oposicionista Partido Bharatiya Janata criticou a defesa do governo e acusou-o de se esconder atrás da polícia. "O governo do dia decidirá se as pessoas terão um protesto grande ou um minúsculo?", ironizou ele.
Singh disse ao Parlamento que apenas em Nova Délhi mais de 2.600 pessoas foram presas por seguirem para áreas onde era proibido protestar. Elas foram depois liberadas, completou o premiê.
As informações são da Dow Jones.