Política em campo
Paulo de Tarso de Lara Pires, advogado, membro do Instituto Brasileiro de Planejamento Ambiental (Ibplam)
Para a segunda semana de Conferência, que se inicia amanhã, a expectativa é que sejam tomadas decisões políticas com base nas discussões técnicas e científicas realizadas nesta última semana. Os eventos ocorrerão com número reduzido e apenas participarão pessoas previamente selecionadas.
O texto provisório, escrito pela presidência do Grupo de Trabalho sobre Ações a Longo Prazo (LCA), deverá ser a base para que todos os países produzam seus próprios documentos e propostas para as tratativas da semana.
A esperança é que finalmente passemos de protocolos de intenção para a adoção de medidas mais concretas, principalmente em temas relacionados ao financiamento de projetos para países em desenvolvimento.
* * * * *
Barrados na Cúpula
Gustavo Gatti, engenheiro florestal da Fundação O Boticário
Chegou a hora das construções finais para o início da tomada de decisões, que acontecerão de fato com a chegada dos líderes de Estado, a partir de quarta-feira.
Um aspecto ruim é a existência de um rumor afirmando que as pessoas com credenciais de observadores, como é o nosso caso, serão impedidas de entrar no Bella Center, em função da superlotação e de segurança.
Coisas boas e coisas ruins são ouvidas nos corredores e nas conversas pelos saguões. A China parece querer adiar qualquer decisão para o próximo ano. O que ainda não se sabe é se será esse o caminho ou não. É muito cedo para afirmar qualquer coisa mais concreta nesse sentido.
* * * * *
Menos risco
André Rocha Ferretti, engenheiro florestal da Fundação O Boticário
Por mais que a negociação não tenha avançado muito nos primeiros 6 dias da reunião em Copenhage, todos aqui esperam que a chegada dos ministros e chefes de Estado possa forçar as Partes (países membros da Convenção do Clima) a aumentar seu comprometimento com o texto que está em negociação.
Eles sabem que o mundo inteiro está esperando por um novo acordo climático mundial, com definição de uma meta global de redução de emissões, garantindo assim uma margem razoável de segurança (cerca de 50%) para que a média da temperatura mundial não suba mais que 2ºC.
Eles sabem que isso não é pedir muito. Afinal, se pedíssemos a eles que entrassem no avião de volta para casa sabendo que o veículo teria 50% de chances de cair, muito provavelmente todos passariam o Natal na Dinamarca.
* * * * *
O mundo aguarda
Alessandro Panasolo, advogado, membro do Ibplam
A expectativa é grande. É a semana das definições para, quem sabe, um acordo comum global. Eu acho difícil que isso aconteça, mas temos de ser otimistas. Nesta semana, as negociações acontecem com as propostas praticamente prontas.
Tenho a impressão de que as negociações nesta semana continuarão sendo muito intensas. O mundo espera uma reposta concreta, com metas claras e soluções palpáveis para redução das emissões de CO2, garantindo a qualidade de vida das próximas gerações.
* * * * *
Reais intenções
José Gustavo de Oliveira Franco, advogado, membro do Ibplam
Segundo a entrevista coletiva do embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, na sexta-feira à tarde, espera-se que o texto definitivo sobre o qual serão conduzidas as negociações e decisões finais esteja pronto até a noite de terça-feira, para no dia seguinte começarem os debates de alto nível.
É possível antever acaloradas rodadas de negociação e tradicionais práticas de diplomacia, buscando definir uma posição comum e viável. Entretanto esperamos que, seja qual for a decisão final, esta possa ser viável não apenas para as partes, mas também para o futuro da humanidade.