Os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama se comprometeram ontem a possibilitar de que cidadãos dos Estados Unidos e do Brasil viajem entre os dois países sem a necessidade do visto. Em comunicado conjunto dos dois presidentes, divulgado após evento bilateral, eles afirmam que trabalharão "em estreita colaboração para atender aos requisitos do Programa de Dispensa de Vistos dos Estados Unidos e da legislação brasileira aplicável".
O comunicado, no entanto, não estabelece um prazo para o fim da obrigatoriedade.
"Os presidentes revisaram a implementação de medidas para facilitar o fluxo de turistas e executivos entre os dois países", diz o comunicado.
Dilma e Obama aproveitaram a ocasião para discutir o programa-piloto Global Entry, que facilita a passagem pela imigração norte-americana de brasileiros que viajam frequentemente aos EUA a trabalho. Se o passageiro for aprovado no Global Entry, evita as filas de controle de passaportes e pode procurar quiosques automatizados que ficam antes da área de imigração nos aeroportos daquele país.
Os dois presidentes elogiaram os esforços de ambos os governos para facilitar as viagens. Obama recordou ainda sua instrução de que seja acelerada em 40%, nest e ano, a capacidade dos Estados Unidos de processar vistos no Brasil.
Novos consulados
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou a abertura de dois novos consulados dos EUA no Brasil, nas cidades de Belo Horizonte e Porto Alegre. A medida visa a acelerar e facilitar a concessão de vistos a turistas e empresários. "Os EUA estão abrindo dois consulados no Brasil. São exemplos de nossa relação ampla, derrubando barreiras, tornando mais fáceis as viagens", afirmou Hillary, ao lado do chanceler brasileiro, Antonio Patriota.
Simultaneamente ao anúncio de Hillary Clinton, o Departamento de Estado americano informou que reajustará, a partir do próximo dia 13, as taxas de processamento de visto. Para turismo, estudo e intercâmbio e Cartões de Fronteira (Border Crossing Cards), a taxa passará dos atuais US$ 140 para US$ 160. Para vistos de trabalho de imigrantes, no entanto, a taxa cairá dos atuais US$ 720 para US$ 405.
Presidente critica a "guerra cambial"
Folhapress Dilma Rousseff levou a "guerra cambial" para o Salão Oval em sua primeira visita oficial aos EUA como presidente e cobrou Barack Obama pela desvalorização do dólar, afirmando que o desequilíbrio monetário global é uma forma de os países ricos "exportarem" a crise aos emergentes. Ao lado do anfitrião após 90 minutos de reunião em seu gabinete (o dobro do planejado), Dilma disse à imprensa que manifestara a Obama "preocupação com a expansão monetária" (emissão de dinheiro) "sem que os países com superavit equilibrem isso a políticas fiscais baseadas na expansão dos investimentos". Mais tarde, ela acrescentou: "Exporta-se para os países emergentes a crise que é dos desenvolvidos através da desvalorização das moedas dos países desenvolvidos". Era uma descrição dos principais pontos abordados por ela e Obama sobre a crise. O norte-americano, que falara antes e mantivera seu discurso nas vantagens da cooperação bilateral, permaneceu atento e não comentou. Os dois continuaram o debate durante um almoço de trabalho, e Dilma voltou ao assunto ao falar a jornalistas. Às vésperas da reunião semestral do Fundo Monetário Internacional, em Washington, e com o arrastar da crise, a economia dominou a reunião, a pauta da viagem, as declarações de Dilma e o comunicado conjunto. Tanto ela quanto Obama foram enfáticos ao defender o compartilhamento de responsabilidades e a busca de soluções conjuntas.