A presidente Dilma Rousseff e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aproveitaram ontem uma reunião oficial na Casa Branca para virar a página do escândalo de espionagem que abalou as relações entre os dois países e disseram que querem impulsionar os laços econômicos.
“Ela sempre foi muito sincera e franca comigo sobre os interesses do povo brasileiro e como podemos trabalhar.”
Dilma e Obama entraram em acordo em uma série de passos para facilitar que pessoas e bens transitem entre os dois países, incluindo a reabertura da comercialização de carne não processada.
Durante entrevista coletiva com uma hora de duração, Dilma disse que a situação mudou desde outubro de 2013, quando ela cancelou uma visita oficial aos EUA depois da denúncia do ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA) Edward Snowden que o governo americano havia espionado suas comunicações e de outros brasileiros.
A presidente disse que a mudança na relação se deveu ao fato de Obama e o governo dos EUA declararem em várias ocasiões que não espionariam mais países aliados. “Eu acredito no presidente Obama”, afirmou Dilma. Segundo ela, Obama disse que, se precisar de informações, “vai pegar o telefone e me ligar”.
“Eu acredito no presidente Obama. (Se ele quiser informações), vai pegar o telefone e me ligar.”
Obama elogiou o Brasil, referindo-se ao país como uma “potência global” e um “parceiro indispensável” que desempenha um papel fundamental no combate às mudanças climáticas, com um acordo para aumentar a produção de energia renovável (leia ao lado).
“Acredito nela (Dilma) completamente”, disse Obama. “Ela sempre foi muito sincera e franca comigo sobre os interesses do povo brasileiro e como podemos trabalhar juntos. Ela cumpriu o que prometeu.”
Viagens e cooperação
Dilma e Obama concordaram em tomar medidas para que norte-americanos e brasileiros possam viajar entre os dois países sem vistos e para autorizar brasileiros a se candidatarem para a “Entrada Global” quando visitarem os EUA já a partir do início de 2016.
Os dois presidentes concordaram que Brasil e EUA retomarão a cooperação sobre questões cibernéticas e planejaram uma reunião em Brasília. Dilma prometeu que o Brasil vai “superar” a crise e retomar o crescimento, e disse que quer atrair mais investimentos dos EUA para o país e financiamento para projetos de infraestrutura. Os dois líderes ainda concordaram em cooperar na área de registros de patentes e sistemas de normas técnicas.
Presente e bom humor
Com bom humor, Obama disse que não poderá usar em público o presente que recebeu de Dilma: um moletom verde e amarelo com a escrição “Brasil” nas costas e “Obama” na frente. “Eu tenho que torcer para os EUA”, justificou. “Mas em casa, à noite, é muito confortável. Então, quem sabe, eu talvez vista”, disse.
Dilma respondeu com o convite para Obama assistir à Olimpíada no Brasil em 2015. “Lá no Brasil ele pode usar o seu casaco e será, inclusive, muito aplaudido nesse momento”, sugeriu a presidente. Após o encontro, Dilma seguiria para o Vale do Silício para se reunir com executivos do Google, Apple e Facebook.