Na primeira visita aos Estados Unidos depois da crise causada pela revelação, em 2013, de que foi espionada pela agência de segurança do país, a NSA, a presidente Dilma Rousseff fez ontem uma ofensiva para convencer o empresariado americano a investir no Brasil, disse que quer uma economia “aberta e competitiva” e criticou a burocracia brasileira, que classificou como “infernal”.
Dilma (que chegou a cancelar a viagem que faria aos EUA em outubro de 2013 por causa da espionagem) esteve ontem com o presidente Barack Obama, com quem visitou o memorial de Martin Luther King, em Washington, e com executivos dos setores financeiro e produtivo dos Estados Unidos. O governo brasileiro realizou um seminário para 470 investidores.
Pela manhã, na sede do “Wall Street Journal”, Dilma se reuniu com Rupert Murdoch, dono do diário novaiorquino e da rede de notícias Fox News. Depois, a presidente se encontrou com Henry Kissinger, ex-assessor do presidente americano Richard Nixon, considerado bastante próximo de diversas ditaduras latino-americanas nos anos 1970.
A data da visita de Dilma ao “Wall Street Journal” coincide com a publicação de um anúncio de quatro páginas inteiras no caderno de investimentos do jornal em que o governo brasileiro faz propaganda do novo programa de concessões de infraestrutura, lançado no início de junho.
O anúncio lista possíveis investimentos em estradas, ferrovias, portos e aeroportos, que somam R$ 198,4 bilhões. Para assessores, a atitude pragmática é representativa da vontade de Dilma de mostrar mudanças na política econômica.
Nos encontros privados, Dilma esteve com executivos de grandes grupos econômicos como Citibank, J.P. Morgan, Credit Suisse, Coca-Cola, Walmart e outros.
Acordo aduaneiro
A Receita Federal e o governo dos Estados Unidos assinaram ontem um cronograma para estabelecer um acordo aduaneiro entre os dois países até junho de 2016. O objetivo é elaborar um acordo de reconhecimento mútuo do programa de Operador Econômico Autorizado (OEA), pelo qual empresas certificadas terão o fluxo de comércio facilitado. Importações e exportações dessas companhias não precisam passar por processos aduaneiros. Hoje, cinco empresas brasileiras têm certificado de OEA.